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Entrevista exclusiva Victor Giansante – Sócio Fundador da BOALI

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Extremamente simpático, apaixonado pelo que faz e com grande determinação, Victor Giansante sócio fundador da BOALI, a primeira e maior rede de alimentação saudável do Brasil, recebeu Erika Alfenas e Sheyla Santoso fundadoras do Portal Empreendedorismo para uma entrevista exclusiva na última quinta-feira, 26 de julho de 2018, em uma de suas unidades no Shopping Eldorado em São Paulo.

Com previsão de faturamento para 2018 de R$ 40 milhões, a rede de franquias que hoje conta com 34 lojas (9 lojas próprias) em 10 estados espera fechar 2018 com 40 unidades. O plano de expansão inclui os seguintes estados: SP, RJ (capital) , MG (BH) , GO (Goiânia) , SE (Aracaju), RN (Natal), PB (João Pessoa), AL (Maceió), PE (Recife) e CE (Fortaleza).

Criada em 2015, a empresa trabalha com fornecedores de qualidade e recebe produtos frescos diariamente, garantindo o padrão do Cardápio em todas as unidades. A linha de produtos Boali é composta por saladas, grelhados, wraps, crepes, snacks, chás orgânicos, açaí orgânico, sucos naturais e funcionais, além de sobremesas funcionais como cookies, brownies e brigadeiro sem glúten e sem lactose.

Com ingredientes frescos à vista dos clientes, o cardápio vai desde “crie a sua própria salada” até pratos completos. Wi-fi gratuito e tecnologia em apps e na operação são um diferencial da marca. Os restaurantes da Boali têm visual moderno, acolhedor e único no Brasil, além de terem referências sustentáveis e naturais. É um espaço completo, onde o cliente faz o seu pedido no caixa e escolhe os ingredientes no balcão. Ele pode se acomodar em uma das mesas e degustar sua refeição sem interrupções, já que não há serviço de garçom.

Em 2017, a rede lançou um novo modelo de negócios em formato quiosque, premiado como Melhor Projeto Arquitetônico pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). A rede também recebeu 5 vezes o Selo de Excelência em Franchising da ABF, oferecido às marcas mais bem avaliadas pelos franqueados.

Confira abaixo a entrevista completa:

Portal Empreendedorismo: Conte-nos um pouco sobre sua história de empreendedor, o que te motivou?

Victor Giansante: Eu sempre soube que eu queria empreender, não sabia em que área ainda, mas o restaurante sempre foi uma coisa presente em minha vida, comida é uma coisa muito importante, eu tenho muita paixão em trabalhar com comida. Eu acho que quando a gente tem um wrap desse que mistura peito de frango com ovo de codorna, tem muitas lembranças envolvidas nisso, isso sempre foi muito importante para mim.

Em dezembro de 2006 foi o ano que me formei na faculdade, com 21 anos, eu vi uma matéria na Pequenas Empresas e tinha algumas opções de investimento para 2007 e a Salad Creations estava lá, eles estavam com uma assessoria aqui no Brasil, fazendo essa ponte com potenciais investidores e ai foi o primeiro contato que a gente teve com a marca.

Eu e meu sócio falamos: Caramba! É uma alimentação do futuro, não é um modismo, é uma tendência bastante clara! Ele (o sócio), já era muito mais praticante do que eu, então eu tive um apelo de estar mexendo com comida e de estar mexendo com uma comida que seria uma tendência do futuro fazendo o bem para as pessoas.

Fomos conhecer a operação no México, no Estados Unidos, e fechamos o contrato com eles para explorar a marca aqui no Brasil, tínhamos direito também de alguns outros países da América Latina.

Esse foi o começo de tudo, minha família é empreendedora também, não é do ramo de alimentação, mas isso foi algo também ao longo da minha vida, que me inspirou muito, o empreender, gerar emprego, foi algo que sempre mexeu muito comigo. Desde adolescente, quando comecei a realmente pensar no futuro. Mas voltando desde criança eu acho que sim também, muitas vezes se tem uma visão, uma coisa de que quando você empreende você é dono do seu tempo, mas na verdade você não desliga nunca, ao mesmo tempo que eu via que era bom, que meu pai podia emendar um feriado, mas durante a semana não tem hora para acabar, é 24 horas, 07 dias por semana!

Hoje quando eu viajo para qualquer lugar tenho que ir num restaurante conhecer, ver um prato típico, ver como eles fazem, eu gosto de perguntar, de experimentar, ver a pessoa que está por atrás, não tenho uma vida pessoal ou profissional, vira tudo uma coisa só, acho que quando se tem um negócio principalmente vira uma coisa só mesmo.

Quando assinamos o contrato e começamos a operar a primeira loja no Shopping Higienópolis, nos vimos sozinhos, no tempo que eles não estavam no momento ideal para fazer uma expansão internacional em questão de suporte, entendimento de mercado, fomos adaptando muita coisa, quando nos vimos nessa situação pensamos: Poxa, já investimos dinheiro na compra da marca, investimos dinheiro para montar a primeira loja, vamos fazer o negócio acontecer!

Ficamos 01 ano abrindo e fechando a loja todo dia com o escritório no mezanino do restaurante, não sabia que dia era, se era de dia, se era de noite, tivemos que aprender na marra, foram muitos erros e acertos, mas estamos aqui até hoje então acertamos mais do que erramos. Gostamos muito da cultura de inovação, e para inovar tem que errar, aprender logo, corrigir e seguir em frente.

Hoje damos risadas, mas foi bem pesado! (risos)

Na época como sócios, na operação, lavando a louça, recebendo produto, os fornecedores falavam: Esses caras são loucos!

Íamos fazer reunião não cabia uma mesa de pequeno tamanho no mezanino da loja, se alguém tinha que levantar, tínhamos que todos levantarem juntos para a pessoa sair da mesa. (risos)

Portal: Explique sobre o nome BOALI, qual o significado?

Victor: Queríamos sair daquela coisa de ser taxado como um produto e de fato trabalhar um ecossistema, um estilo de vida. BOALI veio de BOA ALIMENTAÇÃO, mas o BOA foi algo que pesou muito para nós por ser uma palavra positiva. A BOALI nasceu em Dezembro 2015 mas foi pensada em 2014, estávamos em um época difícil, impeachment, pós copa, mas pensamos em que tínhamos que ser mais otimista, mais positivos, somos brasileiros, temos tantas coisas boas, então o BOA veio para trabalhar isso.

Portal: Quantas lojas no total?

Victor: Hoje temos 36 contratos assinados, 34 operando, das quais 09 são próprias, nós como franqueadores temos alguma participação, 04 das 09 temos sócios.

Portal: Qual o carro chefe?

Victor: Hoje ainda é o Crie sua Salada, que é uma categoria de produto, você pode montar a salada com quantos ingredientes quiser, ele era praticamente o único prado da Salad Creations e até hoje ela é no grupo o que mais vende, mas o foco é salada, crepe, wrap e suco, além das deliciosos cookies, brownies sem glúten e sem lactose.

Portal: Qual sua expectativa para esse semestre e próximo ano?

Victor: A expectativa é que ele seja muito melhor do que o primeiro, as vendas estão caminhando para isso. Estamos planejando um aporte novo para o segundo semestre para mais uma expansão de lojas próprias mas que depende de tudo isso, temos a expectativa de fechar com pelo 12 contratos assinados esse ano, estamos indo com cautela.

Tivemos um ano de falar muitos nãos para candidato a franquia, para ponto comercial, é um dos momentos que você tem que fazer algumas apostas e por mais que você olhe e pense que tem mais de 80% de chance, não é 100%, não abrimos mais lojas esse ano porque não quisemos, isso é bom, mas matem muitos candidatos ativos, novos modelos de negócios, olhando muito tendências de conveniência, de praticidade, é algo que estamos analisando.

Portal: O quiosque do Center Norte já entra nesses novos projetos?

Victor: Já, ele é um passo. O quiosque começou com 100% do cardápio de uma loja, já tínhamos a experiência do Cidade Jardim que não é um quiosque mas é uma operação inteira aberta, então a operação é praticamente igual de um quiosque.

Mas o quiosque do Center Norte está num corredor de passagem, não está em uma praça de alimentação, essa foi uma diferença grande que tivemos do Cidade Jardim para lá, então adequamos alguns produtos, hoje temos uma salada no copo, sanduiche natural, salgados integrais, capturando um pouco desse público passante.

Portal: Conte-nos alguns cases

Victor: Uma loja que inauguramos recentemente no Tower Bridge Berrini, abrimos as 07h00 lá estamos trabalhando com tostex na massa integral de wrap, ovo mexido, café da manhã.

Temos uma unidade na Porto Seguro – Bom Retiro, dentro da empresa, eles montaram um espaço de qualidade de vida, nesse espaço tem a Bio Ritmo e tem quiosque Boali, ambos só atendem funcionários Porto, é algo que acreditamos bastante, conseguir levar um produto melhor para as empresas, pois está mais que comprovado que melhora a produtividade, esse prédio todo foi um centro de custos do RH da Porto Seguro que justificou um retorno de investimento.

Para nós uma alimentação saudável é uma alimentação com menos químicos, menos industrializada possível e equilibrada. Aqui temos uma tortilha de massa integral, ela não tem nenhum químico ou conservante, o frango é 100% peito de frango, sem conservante nenhum, o molho não tem nenhum conservante não natural, então quando vai ter algum conservante vai ser num suco de laranja, maçã, que é um conservante natural. É ai que estamos diferenciando, nossa preferência é trabalhar com pequenos produtores, não tem nenhuma grande indústria como fornecedor, principalmente com proteínas. Trabalhamos sempre o ciclo da logística de maneira positiva.

Portal: Qual as crises/dificuldades que encontrou no início, e como superou?

Victor: A primeira foi aprender o negócio, quando tínhamos o entendimento de que eles tinha que fazer a transferência de know-how, a formatação toda foi quase um ano resolvendo fornecedor, tivemos alguns anjos em nossa vida, que pegaram na nossa mão e sem eles talvez não estaríamos aqui. Temos uma gratidão incrível ao Marcio, Henrique e Ricardo que hoje trabalha conosco, eles eram da Luft operador logístico e eles atendiam clientes gigantes, Spoleto, Casa do Pão de Queijo, Pizza Hut, Subway e eles aceitaram trabalhar com a gente com apenas uma loja em operação, parte de desenvolvimento de fornecedor, acertar logística, eles ajudaram brutalmente e ao longo do tempo tivemos a comprovação de acreditar nas pessoas, uma coisa que trabalhamos muito é o lado humano.

O primeiro item de gasto de produto na loja que tivemos foi a luva, chegamos a gastar R$ 20.000,00 em luvas, pois eles (Salad Creations) obrigavam a comprarmos uma luva com especificação de cirurgias complexas e trocava a luva a todo momento, não foi uma crise, mas foi um aprendizado, quando topicalizamos a marca. Em alguns momentos eles aceitavam algumas mudanças.

A franquia não entendeu o Brasil, impostos, trabalhistas, escala de trabalho.

85% da venda era somente salada, sofríamos muito no frio, as pessoas pensavam que apenas havia saladas e não se atentavam ao cardápio, mesmo fazendo várias adaptações.

Quando viramos Boali muitas pessoas pegaram o cardápio e comentaram: “Nossa vocês tem sucos, wraps, crepes…” E já tínhamos a uns 3 anos, e as pessoas não sabiam porque olhavam para o nome da loja Salad Creations e acreditavam ter apenas saladas.

A tomada de decisão na praça de alimentação é muito rápida, o inconsciente é muito mais forte.

Portal: Qual o fator mais importante para o sucesso da sua empresa?

Victor: Pessoas, saber respeitar as diferenças, o momento de cada um, não olhar um número, senso de família de união é bem importante, temos um clima de amizade muito gostoso, extra profissional e o pessoal valoriza bastante.

Sobre a Logística

Victor: Trabalhamos com operador logística, centralizamos todas as nossas compras em Jarinu, lá fazemos o estoque e entregamos para todas as lojas, com isso garantimos uma padronização para todos os restaurantes o brownie e cookie que temos aqui, temos em Porto Alegre, em Teresina, esse é um dos grandes pilares da franquia, temos alguns produtos personalizados, mas o grosso mesmo sai desse operador, em Fortaleza temos uma água de coco que é incrível, é entregue todo os dias, são coisas regionais.

Sobre a cozinha

Victor: Nós temos um Chef incrível o Guilherme, ele tem formação em gastronomia de alta cozinha, doutorado na argentina, sempre tentamos trazer o sabor dessa alta gastronomia para uma culinária mais rápida e saudável, investimos muito em ter um comida gostosa, o “ser saudável” será um plus.

Sobre o layout das lojas

Victor: Queríamos nos diferenciar um pouco na praça. Nosso ticket médio hoje é R$ 33,00, está um pouco acima dos outros restaurantes da praça de alimentação, nos entendemos que essa experiência de uma ambientação mais bacana traz esse aconchego e faz as pessoas gastarem um pouco mais conosco, muitas pessoas falavam que não gostavam de comer em praça de alimentação e ao mesmo tempo não podem gastar R$ 70,00 todos os dias em restaurantes, então queremos ser esse Oasis na praça para quem quer ter uma alimentação saudável e fugir do industrializado de praça. O projeto do layout mudou muito, passou na mão de 03 arquitetos, e agora estamos aplicando esse definitivo em todas as lojas. A frase “Uma boa alimentação transforma a vida” está muito alinhada com nosso propósito que é transformar hábitos fazendo o bem através da comida.

Sobre gestão de pessoas

Victor: Pessoas é o que vão fazer termos sucesso ou não, não adianta termos o melhor produto, com uma loja bonita, se as meninas não estiverem felizes e motivadas entregando a comida.

Contratamos a duas semanas um amigo meu, Beto, ele tem um história incrível, ele abandonou tudo e foi de bicicleta de Araraquara até o México, ficou 02 anos, 08 meses e 13 dias de bicicleta passando por 17 países da América Latina, imagina o que ele não lidou com gente e inclusive escreveu um livro que é Fé Latina, ele é fotografo também e tem umas fotos impressionantes, trouxemos ele para fazer a parte de gestão de pessoas, ninguém vai lidar com gente tão bem como ele, é algo que apostamos muito.

Portal: O quanto você acredita que a inovação é importante?

Victor: A primeira vez que eu escutei isso, fiquei meio que sem entender muito bem, na minha cabeça a Boali vai ser uma empresa de tecnologia, isso é o tanto que eu acredito em inovação.

Foi uma conversa com um cara que tem uma startup de delivery em New York especializada em comida japonesa, ele fala: “Eu não tenho um delivery japonês, eu tenho uma empresa de tecnologia”, ele tem de fato um restaurante e faz entrega.

Pensei, como assim ele vende comida japonesa e fala que tem uma empresa de tecnologia?

Pensando um pouco disso, vendo para onde o mercado está caminhando e olhando os projetos que temos dentro da Boali, é uma empresa de tecnologia, não tem mais como fugir disso.

Para conseguirmos ser relevantes e assertivos é a conexão de muitas coisas, vai ser através da tecnologia que vamos conseguir conectar tudo isso, cada vez mais o tempo das pessoas é escasso, aquilo que todo mundo mais valoriza hoje é o cuidado que as marcas tem que ter quando tiverem comunicando com todo mundo é brutal.

Tem que ter muito cuidado, então somente através da tecnologia que vamos conseguir fazer a oferta do produto certo para o público certo.

Portal: Quais dicas você daria já para um empreendedor nos seus primeiros anos de empresa?

Victor: No começo da Boali e da Salad também depois que montamos o negócio e começou a viver o meio de franquia, de shopping, de restaurante, eu me aproximei e criei grandes amigos da área, isso ajudou muito a gente também, a trocar boas práticas, a entender quem tem sucesso e o que estão fazendo, escutar muito essas pessoas.

Tem grandes caras que eu admiro e sou agradecido infinitamente, Reinaldo Varela que é dono do Divino Fogão, Diego da Vivenda do Camarão o Tom que é presidente do Grupo Trigo e Spoleto, Sadaki que é fundador do Gendai e sócio do China in Box também. Tiveram grandes pessoas incríveis que me recebiam de braços abertos, com 21 anos e com uma loja, e ainda arrumavam espaço na agenda para conversar com a gente!

Ser curioso sempre, é aquela frase do Steve Jobs que eu gosto muito: “Stay hungry Stay foolish”, não ache que você sabe de tudo, esses caras sabem muita coisa, não é à toa que eles estão onde estão, buscar essas referências para trocar boas práticas e experiências.

O Reinaldo (Divino Fogão) tem uma participação importantíssima, ele definiu nossa vida num café no Starbucks aqui no Shopping Eldorado, ele deu uma dica para nós de uma maneira como ele faz negócio que foi um clique que fez com que a negociação com os americanos caminhassem de uma maneira tranquila e a gente teve um distrato amigável com eles.

Portal: O que você diria a alguém que está pensando em iniciar um negócio?

Victor: Tem que ter muita paixão e propósito, não olhar só a DRE, o dinheiro, o business plan porque isso não vai sustentar, isso não vai fazer levantar da cama, passar noites e ficar pensando o dia inteiro em como fazer uma coisa, em como melhorar se você estiver simplesmente só olhando resultado.

Conseguir unir paixão, propósito, ser resiliente e tentar trazer essa cultura de inovação, o mercado hoje pede isso, não ter medo de errar, testar, pilotar, colocar no mercado, não ficar desenhando uma coisa a vida inteira, vai fazendo os ajustes.

Super incentivo, tem que tomar muito cuidado e pensar bem as pessoas que vai se aproximar, tem muita gente hoje que procura um emprego e não um trabalho é uma diferença gigantesca, se você não tiver as pessoas certas o negócio vai por água abaixo.