Missão dada é missão cumprida. Não existe discussão de meta. É hora de acertar a equipe, trabalhar com ela, reforçar os valores de otimismo, lealdade, senso de urgência e visão de dono, realizar com sucesso a estratégia e curtir o orgulho pelos resultados alcançados. E tudo isso vai fazer a diferença para que você, entre outros líderes, se torne O cara.
Eu queria transmitir essa atitude quando, além do marketing, também assumi a Direção Comercial da Bombril e me orientaram a conversar com Paulo Storani. Ele é antropólogo, pós-graduado em Administração Pública e em Gestão de Recursos Humanos e foi capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais do Rio de Janeiro de 1994 a 1999. Atualmente, ensina como construir equipes de alto desempenho relacionando com os métodos de treinamento desses policiais.
O Paulo foi muito importante naquele momento em que eu precisava despertar a equipe comercial da Bombril para o mercado atual, que mais parece com uma guerra. Na nossa conversa prévia à sua palestra, confesso que fiquei meio tenso. Ele faria referências ao filme Tropa de Elite 1, do qual foi consultor, que é bastante agressivo, violento. No entanto, depois reconheci que há semelhanças entre a atitude de uma equipe de vendas e a de quem trabalha no Bope, com as devidas proporções. E o que ele espelhava como resultado final de conquista, de realização, chega bem próximo do que as corporações de hoje esperam.
No final das contas, o policial coloca a vida dele em risco. Numa empresa, você arrisca o seu futuro. As armas todo mundo tem. Concorrentes, disputas de poder e forças contrárias todo mundo tem. O que mais pesa para chegar ao resultado? Assumir riscos, mas fazendo um ótimo planejamento e tendo as pessoas certas ao seu lado. A palestra foi tão boa que o chamei mais duas vezes. Na primeira, ele fez referências aos bastidores de Tropa de Elite, na segunda, à invasão do Morro do Alemão. A terceira foi mais prática, como se estivesse treinando policiais.
O primeiro lema no Bope: Você tem de saber escolher as pessoas. Numa invasão, se não puder confiar no outro, tem grandes chances de morrer. No meio corporativo, sua carreira, seu nome, seu patrimônio podem ser liquidados. Sempre haverá uma arma mirando para sua cabeça. E, às vezes, a certeza de punição pode educar os mais distraídos ou vacilantes. Acho interessante quando o Paulo fala do tanque tático, simbolizando que quem não executa a sua função tem de arcar com as consequências. E elas podem ser tão “agradáveis” quanto encarar um banho de água gelada.
Numa missão, você precisa confiar 100% em sua equipe. Escolha pessoas das quais possa depender. Paulo comenta que o capitão Nascimento escolheu seu desafio e queria fazer o melhor. Trabalhava no alto risco, acreditava naquilo que fazia, sabia o significa de atuar em equipe e da palavra valor, como questão moral. Não é preciso ser policial militar para ser um capitão Nascimento. Fazer o melhor é a única forma de não perder a da guerra.
Entre as lições que podemos extrair, destaco mais três. O Bope tem:
- Clientes difíceis (os mais resistentes de todos: bandidos!), mas o batalhão é especial em razão da complexidade do trabalho.
- Planejamento para qualquer situação: não existe improviso nem surpresa e é preciso compartilhar com a equipe, pois um depende do outro.
- Preparação para trabalhar em condições anormais e sob pressão. Na rotina, todo mundo pode ser bom, bastando que cumpra o que está escrito. É no momento de crise que mais somos desafiados, que a nossa resposta, nossa capacidade de superação e de atuar em time vão fazer a diferença. Por isso, quando a gente vai treinar, não pode estar tudo normal. É preciso ter alguma coisa incomodando. Se há na equipe alguém muito confortável, o líder deve criar logo um desconforto, como subir a meta. Treinamento é isso. É preparar para o difícil, não para o fácil.
Marcos Scaldelai, Palestrante | Empresário | Apresentador | Presidente do LIDE Rio Preto | Autor |CEO Scaldelai Projetos de Crescimento e Especialista em Atitudes de Empreendedorismo e Liderança.
Autor dos bestsellers “99,9% não é 100%” Editora Gente e “Vendedor Falcão” Editora Planeta, atua como presidente do Lide São José do Rio Preto (SP) e é hoje um dos palestrantes mais requisitados do Brasil.
Seus livros “99,9% não é 100%” e “Vendedor Falcão”, publicados pela Editora Gente, já venderam mais de 50 mil cópias. Formado em Propaganda & Marketing pela ESPM com MBA em Gestão de Negócios pela USP, passou com destaque por grandes companhias como Instituto de Pesquisa e Mercado, Nielsen, General Mills e Bertin. Ingressou na Bombril em 2010, como Diretor de Marketing, passou pela Diretoria Comercial e se tornou Presidente da empresa em 2013, com apenas 36 anos de idade.
Considerado um dos executivos mais admirados do mercado brasileiro, em 2014 foi eleito como um dos executivos jovens de maior destaque no Brasil pela Revista Forbes e esteve na lista dos 100 Executivos que Fazem o Brasil Melhor, elaborada pela LIDE e pela Rádio Jovem Pan.
