O que vem a ser um grande empreendimento?
Reitero que um grande empreendimento pode acontecer de várias maneiras, seja em seu próprio ambiente de trabalho, ao iniciar um negócio que você chamará de seu, tomando a dianteira em seu bairro ou escola em ações que a favoreçam e lhe tragam enriquecimento pessoal, criando uma organização de defesa de direitos, enfim uma série de iniciativas que o tornam um líder onde atua.
O artigo desta semana tem como objetivo principal mostrar outro tipo de ação que considero uma forma incontestável de empreendedorismo, valendo-me desta vez de uma experiência pessoal, tirando dela elementos que possam ser motivadores para todos os que desejam realizar algo novo, algo empreendedor em suas vidas, lembrando sempre que antes de qualquer coisa todos devem buscar em si a razão pela qual acordam e vivem isto porque considero que o empreendedor é aquela pessoa que primeiro entendeu seu propósito, sua missão de vida, (todos temos), que se encontrou e, a partir daí todos os seus passos serão firmes em direção ao objetivo esperado.
Viver é dar-se ao outro. Ninguém é autossuficiente, nem os grandes líderes, CEOs, governantes, ou o que seja, TODOS sem exceção, são plenos a partir do momento em que COMPREENDEM que sua ação está intimamente ligada a outras pessoas, outros ambientes, e por esta razão diz-se que tudo o que vai, volta, justamente por não sermos seres isolados, somos essencialmente gregários, somos comunhão.
Todo acontecimento ruim ou não teve alguma influência de ação humana e quando esta ação é egoísta, individualista, o resultado não é bom, nem para o ambiente nem tampouco para as pessoas ao redor.
Quando uma pessoa pensa em criar algo novo, essencialmente está desejando atingir outras pessoas com sua ideia, que sendo boa, reverterá na forma de bons frutos para a origem (lembra? Tudo o que vai, volta). Pense grande, mas pense no Bem!
Com toda a modéstia, utilizarei a experiência que vivi, não por querer ser exemplo para ninguém, mas por desejar partilhar uma reflexão que está na base desta vivência e de tantas outras que acontecem no dia a dia com pessoas absolutamente comuns, pois ser empreendedor não é ser grande, ser empreendedor é, a partir de seu próprio universo, ainda que limitado, conseguir-se alcançar o inusitado, o sonho mais desejado.
Creia, isso é totalmente possível!!! Existe um pressuposto da PNL (Programação Neuro Linguística) que afirma que podemos tudo, pois temos todos os recursos para fazer o que sonharmos. Assim ninguém precisa ser famoso para ser pioneiro! Você precisa apenas acreditar que dentro de si existe o empreendedor. Ele precisa só sair.
Abra as portas de si mesmo, portanto!
Após estas considerações iniciais relatarei para as pessoas que estão buscando por quaisquer caminhos encontrar uma mudança, sendo assim:
Após três décadas de atuação ativa e engajada em uma grande Instituição Financeira Globalizada, acredito ter condições (por isso estou no Portal) de repassar aos que agora estão iniciando sua jornada corporativa, ou estão em dúvida quanto às escolhas realizadas, ou são da geração 3D (falaremos disso na próxima semana), que desejam reinventar-se, algumas reflexões sobre o que penso que faz com que qualquer um trilhe um caminho que o leve ao sucesso naquilo que escolheu, lembrando que nem sempre o que se pensa que foi uma escolha certeira, realmente pode ser, e que às vezes por medo de se confrontar consigo próprias, de se questionar, as pessoas acomodam-se em algo que pode até levar a uma situação de aparente sucesso, mas pelo resto de sua vida as deixará com o gosto amargo de não terem experimentado a sensação de virar seu jogo, superarem-se e de fato chegarem a um estágio de plena realização pessoal e profissional.
O testemunho que repassarei em seguida está calcado em experiência e visão pessoais, pois vivi uma situação de mudança radical de jornada e posso garantir que sim, conseguimos, se quisermos, superar as dificuldades e chegarmos onde almejamos, levando junto conosco o ambiente em que atuamos.
Penso o quanto seria interessante se as empresas ou bancos que possuam programas de Trainees, estagiários, jovens aprendizes, enfim, criassem em seu ciclo de entronização e treinamento das novas turmas, um módulo onde se abordasse casos de sucesso de ex-funcionários dessas Instituições, testemunhadas pelos próprios protagonistas das histórias, que por quaisquer motivos tivessem passado por situações de mudança radical de percurso profissional e como agiram para superar as dificuldades que essas mudanças lhes acarretaram.
Acredito que isso poderia mostrar ou incutir nos recém contratados uma visão totalmente aberta do que é realmente o caminho do sucesso, em que você não pode temer os desafios apresentados, nem muito menos pode se acomodar ou conformar com as situações aparentemente consolidadas ou dadas como as verdadeiras.
Estes exemplos mostrariam às novas gerações das Corporações casos reais de luta e realização de planos de mudança, que lhes daria a virtude do não conformismo com as situações estabelecidas levando-os a enxergar plenamente que o que faz uma empresa ser grande e ser o melhor lugar para se trabalhar, não é (somente) o fato de oferecer um número enorme de benefícios, ou uma política salarial atraente, ou ainda ter um tão propalado “plano de carreira”, para o colaborador simplesmente seguir e atuar em linha.
Nada disso; o que torna grande uma Instituição que a faça o melhor lugar para se trabalhar é justamente o contrário: é quando faltam informações completas sobre sua carreira, quando seu salário ainda não é aquele de seus sonhos ou quando os benefícios são bons, mas você tem que se esforçar para ganhar um naco um pouco maior deles, quando para realizar seu trabalho você tiver que fazer muita pesquisa, queimar muito miolo, cruzar muita informação aparentemente desconexa, etc.
E por quê? Porque você terá que ser criativo, pensar muito sobre mudanças, formas alternativas de se chegar à solução, trazer à ação projetos sobre os quais pensou, mas sabe que lhe trarão muitas dores de cabeça, algumas jornadas hiper estendidas, ansiedade a respeito das etapas de consolidação de seu trabalho, às vezes necessitar convencer seus colegas e superiores de que o que está propondo é um novo, mais eficiente e eficaz caminho. Isso redundará em novas realidades na empresa onde atua, desenvolvendo-a, tornando-a melhor, mais atrativa para outros talentos e criando para você os tão sonhados bons benefícios, o ótimo salário e mais que isso, construindo através de suas próprias mãos seu “plano de carreira” e sua estrada para o sucesso. Você o fez mais ninguém.
Essas pessoas donas de mudanças radicais em suas vidas tiveram que lidar com situações a principio desconhecidas e duvidosas, porém com empenho, foco e confiança em si mesmas conseguiram driblar esses obstáculos e venceram.
Claro está que não se fala aqui em entrar “arrebentando tudo, quebrando paradigmas” (no meu tempo de atividade corporativa essa frase era famosíssima – “cheguei para quebrar paradigmas”), calma. Você terá que saber agir com humildade. E o que é humildade? Não é ser cabeça baixa, fazendo-se passar por alguém inferior. Humildade é uma atitude grande, através da qual você reconhece que não tem a verdade, não trouxe uma lâmpada mágica e que unirá sua grande energia, seus conhecimentos teóricos adquiridos em anos de estudo com a sabedoria e a experiência dos que já estão na Instituição onde você entrou. Com esta atitude você atrairá para si todo o conhecimento já existente e com ele será capaz de reformular, renovar o que for necessário, e sempre poderá contar com o apoio e ajuda valiosos de quem já passou muitos anos à sua frente. Não os despreze, junte forças com eles, jamais meça forças; o resultado será fantástico.
Outro erro que percebi e que atrapalhou o caminho do sucesso de muita gente muito balizada por conhecimentos em minha vida corporativa, foi a crença de que os títulos acadêmicos por si só já trariam o conforto e a certeza de sucesso, carreiras consolidadas, etc. Vi muitos jovens que assim pensavam desistirem logo ou serem demitidos por se abrigarem nesse “conforto”. Nada mais enganoso. Não quero dizer que estudar muito, fazer Mestrado, Doutorado ou o que seja não valha a pena. Claro que sim! Em meu tempo isso era motivo de admiração e Ohhhhs! Hoje, quem se contenta com uma graduação, ficará com certeza para trás, pois a competição é muito alta e muitos possuem títulos além da graduação. PORÉM, jamais acredite que seus títulos lhe darão sucesso automaticamente. Nada disso, você terá que usá-los com inteligência para alcançar suas metas de vida.
Lembro que entrevistei certa vez duas pessoas para uma vaga de estágio em minha área de atuação, sendo que um dos candidatos, àquela época estava cursando uma tradicionalíssima Universidade, era fluente em dois idiomas além do Português e já havia atuado em outra Instituição Financeira, sendo que se esforçava em nos passar total segurança, capacidade de desempenhar o que a vaga exigia, etc. O outro postulante à vaga era um jovenzinho, simples, cursando uma Universidade de média fama, bastante honesto quanto à sua inexperiência, porém com uma garra, uma vontade enorme em aprender e crescer e uma humildade em reconhecer que estava em desvantagem mas que tinha como nos demonstrar que seria plenamente capaz de superar a desvantagem e nos trazer o que queríamos e muito mais.
Confiei, contra todos em nossa área neste rapaz simples. Não errei. O cara fez diferença entre nós, foi lamentada a sua saída algum tempo depois e hoje é um executivo de uma grande empresa multinacional. Já o outro, que tudo sabia e tudo nosso ritmo.
Quem quer ter sucesso tem que ir à luta!
Meu exemplo de superação foi que antes de ser Trainee no Citibank em 1985, cursei Medicina, parte em Santos na Fundação Lusíada e parte na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, curso que não terminei por ter tido a coragem de enfrentar-me e alterar o rumo de minha vida. Contra todos os obstáculos e dúvidas, decidi alterar meu rumo, pois me sentia sem perspectiva, apesar de tantos ataques e críticas que recebi.
O resultado deste ato de coragem foi uma caminhada nova, uma estrada inigualavelmente surpreendente, realizadora! Houve muito sacrifício, mas o empreendedorismo traz isso, porém, encarei as renúncias como investimentos, semeaduras de uma colheita hoje farta! Como minha história, conheço algumas outras de colegas que também repensaram tudo e se superaram.
Quem quer colher fartamente precisa semear com afinco. Se em sua vida não há a sensação de plenitude e realização, pare, pense, faça uma avaliação criteriosa do que você deseja, onde se encontra e o que precisa fazer para chegar. Utilize uma análise SWOT para você, como as Corporações o fazem!
Meça seus pontos fortes, suas fraquezas, as oportunidades e também, sim, as ameaças do caminho, isso lhe dará bagagem para ousar, mas não fique no ponto neutro! Vá para o Drive, arranque firme rumo a seu sonho!
E aí, gostou?
Na próxima semana falaremos da geração 3D!!! O que será??
Maria da Penha Amador Pereira, Economista formada pela Pontificia Universidade Católica de São Paulo com especialização em Desenvolvimento Econômico.
Atuou em carreira corporativa na antiga Companhia Energética de São Paulo, Banco do Estado de São Paulo e no Citibank, onde desenvolveu carreira por aproximadamente 30 anos em Controladoria, Planejamento Estratégico, Segurança de Informações, Gestão de Crises e Continuidade de Negócios, Qualidade, Projetos de Melhorias de Processos e Produtos Bancários, Controles Internos, Auditoria, Governança Corporativa, Regulamentação Bancária e Compliance.
Atualmente é escritora com obras já publicadas, Master Coach e PNL, Orientadora e Mentora de Carreiras, Palestrante e Educadora Financeira, tendo publicado mais de 55 artigos em Portais de Empreendedorismo, mídias sociais, jornais e revistas regionais e LinkedIn, além de ter participado de vários seminários e fóruns sobre diversos temas ligados à realidade brasileira e Compliance.