Podemos classificar quatro modelos de atuação das pessoas em relação a forma de doar e receber. Compreender este fluxo é chave para desvendar o mecanismo que leva a riqueza e à prosperidade.
Eu me recordo que, em minha primeira peregrinação, tive várias experiências relacionadas a receber ajuda. A primeira vez que a roda da bicicleta quebrou (foram duas vezes em quatro dias) foi fácil pedir ajuda aos funcionários da fazenda onde eu estava.
No mesmo dia, em outra pousada, senti-me pouco a vontade quando vi uma tabuleta escrito: “Estamos em outra cidade, hoje. Pode consumir o que quiser, usar todas as instalações da casa. Quando sair, deixe o dinheiro nesta bandeja e faça o troco. Se tiver pouco ou dinheiro algum, sem problemas. Receba nossa amizade. Se quiser deixar algo a mais, agradecemos sua generosidade”. Era estranho, receber tanta confiança de pessoas que eu nem conhecia.
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Decidi não ficar e seguir, mesmo já sendo tarde. Aí, a noite veio, me perdi pelo caminho (rotas de peregrinação não costumam ter mapas, apenas sinalizações no caminho). Depois de cinco horas perdido, tive que pedir ajuda. Eu não tive escolha. Tudo o que me era oferecido, eu somente aceitava, porque a sede era muito grande, a fome era absurda, o medo de dormir ao relento era tenebroso. Mas, ao aceitar, recebi mais do que eu precisava. Esta foi a lição de receber ajuda.
Só então percebi o quanto eu tinha dificuldade neste aspecto. Sempre fui muito solícito e pronto a ajudar os outros – e achava que isso era bom. Compreendi, naquela viagem, que precisava aprender a receber.
Muito dos problemas da humanidade seria resolvido se buscássemos um equilíbrio natural entre doar e receber. Vamos analisar: o problema da devastação da natureza é que se extrai muito de recursos naturais indiscriminadamente e sem reposição. Só se retira. Mas houve evolução. Atualmente, na produção de papel e madeira, tem-se trabalhado com reflorestamentos em manejos planejados e controlados dos recursos naturais. Gera-se riqueza, sem devastar a natureza. Buscou-se um equilíbrio e esta produção tornou-se sustentável e próspera.
Para manter o equilíbrio, portanto, devemos respeitar o Ciclo Natural de Troca – doar e receber. Ao longo do tempo, pode ser que muitas crenças foram criadas no sentido de quebrar esta harmonia, com ideias como “para alguém ganhar, alguém tem que perder”. Nos esquecemos de que a natureza é abundante. Para alguém ganhar, o outro não precisa necessariamente perder. Quando você recebe ajuda de alguém, poderá se fortalecer e, futuramente, ajudar outra pessoa.
Os quatro arquétipos
Podemos dividir o comportamento das pessoas em relação a Doar e Receber em quatro arquétipos ou modelos:
- ESTÉREIS: a esterilidade é a incapacidade de gerar frutos, de gerar resultados. Pessoas que têm dificuldade tanto em doar quanto em receber tem a tendência de reduzir sua vida a uma existência sem muito brilho, sabor e realização. Faltam-lhes muita coisa, porque têm dificuldade em receber. E, por acreditarem ter pouco, são incapazes de doar.
- EGOÍSTAS: todos já sabem o que é uma pessoa egoísta – aquela que só pensa em si mesmo. Muitas vezes, aceitam o prejuízo dos outros, desde que estejam sendo favorecidas. São pessoas que tem facilidade em receber, mas não em doar.
- SOBERBAS: são aquelas pessoas que se sentem acima das demais, com orgulho e arrogância exageradas. Não aceitam ajuda de ninguém, porque são superiores, mas tem facilidade em ajudar. Pode até lhe faltar, porque são ruins em receber, mas estão sempre na posição superior de ajudar.
- PRÓSPERAS: pessoas que têm facilidade tanto em doar quanto em receber prosperam, porque há um fluxo constante de recursos na vida.
Nem sempre doar e receber está restrito aos dois conceitos anteriores. Podemos ampliar para outras relações de troca. As pessoas e empresas produzem bens e serviços que outros necessitam. Então, produzir e vender bens e serviços também é uma forma de ajudar outras pessoas. Comprar bens e serviços é uma forma de retribuir esta ajuda por uma necessidade atendida.
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Os arquétipos e as relações de troca
Analisando sobre este prisma, vamos voltar aos quatro estereótipos anteriores:
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- ESTÉREIS: como tem poucos recursos, pouco ou nada compram. Também tem pouca capacidade de produzir e negociar.
- EGOÍSTAS: querem ganhar muito. Os negócios só são realizados se a vantagem está do lado deles. Vendem caro o que tem pouco valor, ou seja, que tem pouca importância ou que ajuda pouco o comprador.
- SOBERBAS: desvalorizam o que tem, pois não se preocupam em receber pouco em uma negociação. Vendendo barato, ajudam outras pessoas que precisam do produto, pois “não precisam” desse dinheiro.
- PROSPERAS: são negociadores que procuram o equilíbrio de negócios de forma que fique bom para ambas partes. Sabem valorizar o que tem, mas também respeitam o que o comprador tem para trocar.
Pessoas prósperas são eficazes em comprar (doar) e vender (receber) em todas as relações e atuam no raciocínio do ganha-ganha: ambos podem ganhar. Pessoas egoístas ou soberbas estão no pensamento de que “se alguém ganha, alguém tem que perder”. Pessoas estéreis são cegas a oportunidades de colocar este ciclo para funcionar em suas vidas.
Os quatro arquétipos e os relacionamentos
Essas quatro estruturas arquetípicas também podem ser utilizadas para avaliar outros aspectos da vida, como por exemplos relacionamentos amorosos. O raciocínio é o mesmo:
- ESTÉREIS: pessoas incapazes de receber ou doar amor;
- EGOÍSTAS: amam menos, pois tem mais necessidade de receber amor que o outro;
- SOBERBAS: são as que amam muito, mas têm dificuldade em receber amor;
- PRÓSPERAS: as pessoas que prosperam no amor têm facilidade tanto em amar quanto em ser amado.
Neste artigo, encontramos uma poderosa ferramenta de análise baseado em dois fatores – doar e receber – que pode ser utilizada em diferentes aspectos e setores da vida: financeira, familiar, afetivo, pessoal e profissional. Como prosperidade está relacionado a obter o que se deseja, este exercício é fundamental para que os objetivos sejam alcançados.
Rodolfo Nakamura, publicitário, especialista em gestão de novas tecnologias e Master Pratictioner em Programação NeuroLinguística, é empresário, editor, professor universitário e palestrante. Seus grandes amores são Deus, a família e dividir conhecimentos e experiências em cursos, treinamentos, palestras ou mesmo em uma conversa de botequim.
Entre suas atividades profissionais, destacam-se:
LIVROS:
1. E-commerce Fácil de Entender: tudo o que você gostaria saber sobre comércio eletrônico e ninguém teve paciência de explicar. São Paulo: Erica, 2001
- Moodle: Como criar um curso usando a plataforma de ensino a distância. São Paulo: Farol do Forte, 2009.
- Sete Missões: o caminho do desenvolvimento pessoal passando pela região dos Sete Povos das Missões. São Paulo: Farol do Forte, 2009.
- Midia: Como fazer um planejamento de mídia na prática. São Paulo: Farol do Forte, 2010.
- Código de Defesa do Consumidor – Lei 8078/90. (Organizador). São Paulo: Farol do Forte, 2013.
- O Vaso: sobre gratitude, a atitude de ser grato. São Paulo: Farol do Forte, 2004
ACADÊMICAS
- Professor universitário em nível graduação e pós-graduação (Comunicação Social – Publicidade & Propaganda, Jornalismo, Produção Audiovisual – Administração, Marketing, Pedagogia), desde 2000.
Uniban, Uniabc, Unimes, UnG, Senai, Famosp, Faculdade Brasil, Unijales. - Coordenador de curso de graduação – Publicidade e Propaganda, Marketing e Produção Audiovisual. Grupo Kroton-Anhanguera, 2011-2017
- Gestor de extensão universitária e Pós Graduação. Grupo Unibrasil, desde 2015.
- Pesquisador Científico. Área: Comunicação.
- Orientador de monografia e Trabalho de Conclusão de Curso
- Avaliador técnico Guia do Estudante.
PROFISSIONAL
- Publicitário, Jornalista e Radialista;
- Editor;
- Empresário, indústria de brinquedos;
- Palestrante Profissional RPP e Coach.
