Diante dos altos índices de desemprego no país, o número de empreendedores só cresce. Mas é preciso lembrar algumas questões essenciais antes de embarcar nessa recompensadora aventura
Os últimos anos foram cruéis para trabalhadores de várias funções, cidades e com os mais variados níveis de experiência. Todos na rua! Uns pelos desastres econômicos, ou pela chegada de novas tecnologias e outros, ainda, porque já não tinham mais o que a empresa precisava.
Quando este volume imenso de egressos do regime celetista resolve empreender para pagar seus boletos, vemos acontecer o famoso “efeito ioiô”. A turma vem cheia de gás para vender produtos e/ou serviços – e muita pressa para fazer dinheiro –, mas se depara com a realidade desse universo questiona se não seria mais fácil desistir de empreender. Resultado? Voltam correndo com a mesma frase: “Geovana, preciso de um emprego”.
Três são os principais motivos que assustam quem está mais despreparado e os impulsionam a desistir de empreender. Falo sobre cada um deles a seguir com dicas para vencê-los. Confira!
1º: 30 dias de trabalho não garantem o salário cheio.
Quem se acostumou a receber salário depois de 30 dias de trabalho – mesmo que mal feitos, descomprometidos – acaba trazendo no empreendedorismo a expectativa de que o simples ato de fazer um produto vai fazer com que ele se venda. Ledo engano! Agora que somos uma empresa de uma pessoa só, toda responsabilidade de produção, venda, pagamento, estoque, fornecedores, criação e marketing são nossos!
Se você é uma boleira incrível precisará, agora, aprender a vender o bolo, controlar a produção, fazer marketing digital, entre outras coisas. Por um lado, pode soar mais trabalho, inclusive que você não goste de fazer. E aqui deixo a dica número um: monte parcerias com quem sabe fazer exatamente aquilo que você não sabe.
É fera no Instagram? Sabe construir um feed todo charmoso e com um bom alcance, mas não tem um produto ou serviço para monetizar? Encontre alguém que tem produzido algo bacana e não faz ideia de como vender.
2º: Se eu não trabalhar, não recebo.
Nem quando você era CLT! Faltou, não recebe mesmo. É ilusão achar que essa é uma consequência só de quem empreende. E aqui vai a segunda dica para quem decidiu ser dono do próprio nariz: caso vá precisar se ausentar algumas vezes, não gaste tudo que ganha de uma vez só.
Organize-se financeiramente. Organize-se com outras pessoas que possam te substituir, não deixe seu negócio ser tocado por uma “EUquipe“. Tenha mais gente pronta para te socorrer – e remunere ou faça trocas justas com essas pessoas. Enquanto elas não existem, planeje um tempo para você resolver coisas pessoais.
3º: Não tem plano de saúde, VT, VR, 13º e nenhum benefício.
Assim como não tem chefe chato no seu pé, nem tarefas desnecessárias, nem gente incompetente com as quais você tem de lidar! TUDO tem dois lados. Você encontrará desafios na sua vida de trabalho de qualquer forma. A dica continua a mesma: prepare-se. Estude sobre empreendedorismo. Não lide com seu negócio como se você fosse funcionário dele. Seja o dono. Além de atitude, tenha o conhecimento necessário, as ferramentas indispensáveis.
Tem a parte difícil, sim. Mas há tantas vantagens em se empreender com qualidade, com foco e com preparo. A gente fala mais sobre elas no próximo mês!
Formada em TI, Geovana fez carreira em uma multinacional de onde decidiu sair para apostar na realização de um sonho: participar da ressocialização de jovens entre 14 e 35 anos e na inserção deles no mercado de trabalho. Para isso, ela, o marido e as duas filhas do casal se mudaram para um dos bairros mais carentes de Curitiba (PR) onde inauguraram o coworking Y (Youngers) – como estratégia da empresa social de desenvolvimento humano com foco na preparação para o mercado de trabalho e empreendedorismo. Por meio de palestras, cursos, mentorias e outras vivências eles trabalham a ideia de que é possível transformar um hobby (ou qualquer coisa que você faça bem feito) em negócio.