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Eu já estava com 20 anos de empresa, com a auto estima abalada pela estagnação, quando, por ironia do destino, uma assistente executiva da Diretoria da empresa me transferiu uma ligação telefônica de uma pessoa que se dizia amiga do presidente da companhia. Como aquele tipo de conversa era muito comum por pessoas que queriam atendimento diferenciado, não dei muita atenção, mas o atendi com toda dedicação e educação do mundo.

Seu nome era Sr. João Capellano.

Ele se apresentou educadamente e me perguntou se eu poderia ajudá-lo, pois seu sítio no extremo Sul da cidade estava sem energia elétrica. Respondi que sim, poderia ajudá-lo, e que prontamente enviaria uma equipe para restabelecer a energia da região – bastava me dar o endereço.

O interessante foi que ele não desligou assim que fiz seus registros e continuou conversando comigo sem pressa. Ele me contou como conheceu o presidente da empresa e, a partir deste diálogo, comecei a acreditar que ele realmente o conhecia devido aos detalhes que coincidiam.

Não sei por que me identifiquei com ele, mas como sempre gostei de dar atenção às pessoas mais experientes, o ouvi até o final com toda paciência.

O Sr. Capellano tinha uma voz grave, porém, calma e pausada. Ele me contou que se sentia com uma forte solidão, mas que sua vida não fora sempre assim. Ele me falou da sua carreira profissional como executivo, de quando teve a oportunidade de presidir uma empresa multinacional no Brasil, dos cursos que teve oportunidade de participar fora do País, dos livros que leu e das pessoas que conheceu até assumir cargos de liderança. Por fim, se despediu e desligou o telefone.




Depois eu vim saber que suas ligações eram frequentes e que ninguém queria atendê-lo. Falaram-me que realmente ele se identificava como amigo do presidente, mas que ninguém acreditava nisso, pois ele aparentava ser apenas mais uma pessoa idosa carente que, sem muitos afazeres, prendia todos ao telefone, portanto, ninguém atendia suas ligações.  Quando reconheciam o número dele no identificador de chamadas, desviavam para outra pessoa intencionalmente e depois ficavam ironizando quem atendesse com brincadeiras inoportunas.

Na segunda ligação dele por falta de luz, fato muito frequente devido às fortes chuvas de Verão, eu o atendi de bate pronto, registrei sua solicitação e logo estávamos falando do seu passado e da sua carreira.  Como sempre trabalhei com papel de rascunho e caneta na mão, cada coisa que ele falava eu anotava, pois achava que suas palavras eram repletas de sabedoria… Depois, eu ficava lendo tudo e me lembrando do teor da conversa. Cada conversa que tínhamos e cada conselho passado eu registrava e, sem que ele soubesse, passei a chamar estes ensinamentos de “gotas de sabedoria”.

Foram 5 anos de contato com uma certa freqüência… Na terceira ligação, ele me perguntou sobre a minha carreira na empresa. Fiquei 1 minuto em silêncio e depois respondi que não gostaria de falar sobre isso, que preferiria ouvir suas histórias, mas ele insistiu e, então, desabafei. Falei que achava a empresa injusta, que só davam chances para os apadrinhados, que promoções eram jogo de cartas marcadas, que ninguém reconhecia meu trabalho, e fui falando até que fui abruptamente interrompido por ele:

– Jorge, deixe de se fazer de vítima! O único culpado pelo que está acontecendo é você mesmo!

Por um momento pairou um silêncio no telefone que parecia eterno. Quando tentei falar, ele me interrompeu:




– Você está achando que para construir uma carreira brilhante basta apenas competências técnicas? Pois saiba que não, é preciso ter outras competências também e, provavelmente, é nesse ponto que você está pecando e travando sua carreira. Quando eu tive oportunidade de fazer cursos fora do País, aprendi muita coisa sobre competências comportamentais, planejamento, metas, resultados, divulgação e propósitos de carreira. Se quiser, posso colocar tudo isso à sua disposição para ajudá-lo.

Aceitei e, a partir daquele dia, me tornei o aluno mais dedicado que um professor pode ter. Lia os livros que ele me recomendava, respondia as perguntas que ele me fazia por e-mail, participava dos cursos e palestras que ele me indicava. Até plano de aposentadoria ele me ensinou a gerir. Até que, ao final de 4 anos, transformei minha vida por meio do trabalho e me tornei outra pessoa, outro profissional, e todos comentavam isso…




Na semana que vem eu continuo a minha história contando para você tudo o que mudou daí pra frente! A gente se encontra por aqui!

 

Jorge Penillo, conhecido como Doutor Carreira, é coach e mentor de liderança e carreira. Professor universitário e palestrante, tem formação em universidades do Brasil e Estados Unidos. É graduado em Administração de Empresas com pós-graduação em Marketing e Negócios e possui MBA em Estratégia Empresarial com especialização em Neurociências. Começou sua carreira profissional aos 14 anos de idade, em 1986, aos 14 anos na Eletropaulo como menor aprendiz, e permaneceu na empresa por 30 anos, passando por várias áreas técnicas e administrativas até 2016. É autor do livro Iniciando uma carreira brilhante, que tem o objetivo de orientar os jovens sobre como entrar no mercado de trabalho.

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