Você já pensou sobre misericórdia alguma vez?

Mas o que este tema estaria fazendo em um espaço para profissionais empreendedores?

Qual a relação que este comportamento tem com um ambiente empreendedor ou corporativo dos mais competitivos?

Já pensou alguma vez nisso?

Sim, MISERICÓRDIA!! Nossa, nada a ver!! Tudo a ver!!

Etimologicamente falando a palavra Misericórdia é junção de duas outras originárias do latim: Miseratio, derivado de Miserere (bondade, compaixão)  e Cordis (Cor – Coração), ou seja, coração bondoso, compassivo.




A misericórdia é a atitude de colocar-se compassivamente diante do outro, sentir sua angústia e situação, ser altruísta, compartilhar bondade. Não significa enxergar o outro com pena, tornando-o uma vítima. Isso é discriminação.

Mas, e onde essa atitude entra em uma Corporação, em um projeto, em um meio altamente competitivo de busca de resultados rápidos, sustentáveis e consistentes? Parece que não cabe, mas cabe.

O que é ser um líder, mas um líder completo, capaz de levar-se e levar seu time à vitória e daí à busca de superar a primeira vitória, apesar de todos os obstáculos?

Essa pessoa é aquela que compreendeu que indubitavelmente TEM que sair de si mesma e colocar-se nos demais, em atitude de partilha com seu grupo de forma a que este sinta-se partícipe ativo de um processo e não apenas uma peça nele que faz uma série de atividades, as quais às vezes  nem entende o por quê.

Quando alguém se sente ativo em qualquer circunstância, conseguirá enxergar, entender todas as ações com clareza, permitindo que o fluxo de atividades ocorra de forma mais fácil, mais simples e quase perfeita (a perfeição absoluta não existe).

Desta forma entendo que o VERDADEIRO líder, o empreendedor nato precisa ter atitudes de misericórdia, buscando auxiliar as pessoas de seu grupo onde necessário, trocando com elas experiências de forma generosa , franca e acessível, o que certamente lhe proporcionará criar um time coeso, forte, focado e totalmente comprometido com os objetivos.

 

Além disso, tanto o líder corporativo quanto o empreendedor, aquela pessoa que lidera em sua comunidade, em seu bairro, no negócio que decidiu construir, precisam tirar das pessoas o medo das novas revoluções tecnológicas, de conhecimento, de interação nos ambientes corporativos ou de projetos!

Esses líderes devem por seu papel multiplicador de conhecimentos, dar oportunidades às pessoas que estão atuando e que por ventura perderão seus postos pela total reorganização dos negócios, do mercado, das experiências, da nova forma de trabalho, novas atribuições, enfim, de forma a que essas pessoas sintam-se engajadas no novo mercado, com novas atribuições que exigirão aptidões cada vez mais qualificadas. Os novos conceitos de negócios, as novas ideias desenvolvidas, tudo isso requererá dos profissionais desenvolvimento e aprimoramento pessoal, o que atualmente muitos deles não possuem, o que os faz correr o risco de serem totalmente excluídos do mercado.




Nesse sentido como deve agir o líder empreendedor ou corporativo? Em primeiro lugar ele também necessitará rever sua maneira de conduzir equipes ou projetos. Não é mais possível pensar-se como alguém que envia ordens, estabelece prazos e metas de acordo com o que a gestão entende ser o ideal. Essas atribuições e parâmetros para o desenvolvimento do trabalho necessitarão ser algo muito interativo, pois o grupo precisa também opinar sobre o que constituirão os objetivos do esforço da equipe.

Nesses novos tempos de Millenials, de 4º revolução industrial é necessário que todos os que atuam em atividades laborais aprendam a visualizar o trabalho como um meio de se obter não somente ganhos financeiros, mas além disso, ganhos sociais com uma postura de responsabilidade pelas comunidades e meio ambiente.

E o que será das pessoas que no curto prazo não conseguirão mais encontrar-se nessa nova forma de interação com o trabalho? É justamente aí que entra o conceito, mais que isso, a atitude de sermos misericordiosos para com os que perderão seus postos tradicionais de trabalho e por algum motivo não conseguirão sustentarem-se na cadeia produtiva.

Assim, neste momento é que entra a atitude do ser misericordioso, ter compaixão. Estas são atitudes que deverão prevalecer para que os empreendedores tanto em nível corporativo (os líderes gestores), como em nível de negócio próprio, ou seja, se os atuais colaboradores correm o risco de perder seus postos devido ao advento da 4ª revolução industrial, que iniciativa o Business deveria tomar para não alimentar ainda mais o círculo vicioso da estagnação econômica?

Pensemos um pouco: ouvimos demais os noticiários mostrarem que por incrível que possa parecer, há vagas sem serem preenchidas, com postos à espera de alguém que tenha as competências para preenchê-las plenamente. Mas por quê essa situação? Porque, e a resposta vem prontamente, não há profissionais devidamente preparados para essas oportunidades! Isso é repetido constantemente!

Meu Deus, se isso acontece, o que os líderes e condutores de seus negócios estão esperando? Que mais e mais pessoas percam seus empregos e realimentem a cadeia de desocupação?

Hellooooo!!! Será que ninguém percebeu que a Economia Brasileira encontra-se em um patamar perigoso, talvez já em recessão técnica e não está com a força suficiente para o empuxo da retomada?

Será que talvez não pudéssemos realizar um plano de adequação de nossa mão-de-obra para prepará-la devidamente para a nova Economia? Desemprego alimenta a crise, pois o principal motor da atividade econômica, qual seja, o consumo das famílias, está travado! Sem emprego não há consumo, sem consumo não há demanda, sem demanda não há produção, sem produção, o ciclo retorna para a dispensa de mais e mais pessoas.

A liberação de recursos do tipo do FGTS para as famílias gastarem trará um benefício temporário à Economia, pois assim que os recursos financeiros obtidos pelas famílias com o resgate dos saldos em contas acabarem, também se extinguirá o fôlego da atividade, voltando tudo à estaca zero.

Pensar que o saque do FGTS dará alento duradouro à atividade econômica, acredito não ser muito correto. Esse alento será transitório, sendo que a empregabilidade de todos, aí sim, dota a Economia de recursos para a produção continuada, gerando dinheiro no bolso dos agentes econômicos, os quais passarão a demandar bens e serviços, crédito, gerando assim necessidade de produção, que por sua vez gerará mais empregos para atender às novas exigências das famílias.




Então aí mais uma vez entra a atitude de percepção compassiva de quem lidera, em qualquer nível, para com aqueles que poderão ser preparados para os novos tempos. A criação de programas de atualização, reciclagem de conhecimentos, treinamentos mais direcionados e especializados para funcionários que tiverem uma boa performance, pode gerar um estímulo em todos os níveis do empreendimento ou da Corporação.

Os líderes podem criar um ambiente de confiança entre suas equipes, o que lhes trará retorno em trabalho motivado e qualificado, aumentando a performance das equipes, gerando um efeito multiplicador em toda a Economia, pois sendo muito interligada, um bom estímulo em um ponto da cadeia produtiva, gera a ignição necessária para a alimentação em força e trabalho de toda a produção de um país.

Portanto, segundo palavras de um mega executivo do Google no Brasil, HOJE É NECESSÁRIO QUE OS RESPONSÁVEIS PELA PRODUÇÃO TENHAM OLHOS DE COMPAIXÃO E PIEDADE PELAS PESSOAS EM VIAS DE PERDER SEUS POSTOS DEVIDO À BAIXA QUALIFICAÇÃO PARA ATENDIMENTOS DAS NOVAS DEMANDAS!!

Não sou eu que estou falando sozinha! É um executivo de uma fortíssima corporação da área da Comunicação Social que está dizendo! Os líderes TAMBÉM precisam se reciclar no sentido de ampliar sua capacidade de percepção dos seus times! Não abandonar simplesmente seus colaboradores porque eles estão defasados em termos

de novos conhecimentos! Que todos podem perder seus postos por conta dessa desatualização TODOS sabemos! É fato! Mas vamos apenas ficar repetindo esse mantra a todo instante, sem pensar em uma alternativa para que não se dispense tanta gente, o que seria um tiro no pé de muitas corporações?

Onde está a inteligência dos corpos executivos e gestores de negócios? Criando-se a atitude de Misericórdia, de se colocar no lugar do outro, só teremos benefícios para a  Instituição e para si próprio! A Instituição ganhará mais, o líder será destacado entre todos e também terá sua parcela no quinhão de Bònus que for concedido para a Corporação! Os colaboradores sentir-se-ão atuantes, participantes de um novo modus operandi, motivados a buscarem novas soluções, novos projetos! Obterão mais ganhos financeiros, passando a gastar na Economia, buscando novos bens, novos serviços, mais refinamento, mais necessidade de outras pessoas serem treinadas em função da existência de visão altruísta, abrangente, compassiva dos líderes, gestores e empreendedores!

A Economia agradecerá muito! Novos postos de trabalho serão criados! Com treinamento novas ideias surgirão, novas empresas, startups, fintechs, serviços começarão a aparecerem!

Então ao invés de líderes só repetirem que há emprego, mas não há qualificação e desta forma deixarem a esmo um contingente imenso de pessoas as quais empregadas, estariam alimentando a cadeia de produção e gerando recursos para mais investimentos em novas unidades. Esse movimento se retroalimentará com o aumento da demanda por bens e serviços que começará a se fazer notar no mercado.

Para se criar empregos não há necessidade de campanhas de agremiações e associações que tem como objetivo a crítica pela crítica. Criticam muito mas não apresentam alternativas, programas!

Não se pode esperar que o Governo Federal venha solucionar a questão com esta ou aquela Reforma. Claro está que as ações para modernização do Estado Brasileiro, a preocupação com os membros de uma família cujo pai é o único provedor estão com uma agenda bem definida e focada em se obter o máximo sucesso com as reformas.

Porém, no que tange ao setor privado, nota-se ainda um certo “ranço” no momento de detonar uma ação mais efetiva. Vejam que paradoxo: a Nova Previdência tra em si a figura do trabalhador em um  contexto de uma expectativa de vida longa! Porém o mercado, apesar de saber que o tempo produtivo de uma pessoa cresceu, ainda possui preconceito contra o trabalhador de mais idade! Como? A vida útil não está mais alongada? Então isso significa que a idade já não é mais um fator que impede a contratação, porque a vida é longa!!

Desta forma as posturas dos Managers, líderes, empreendedores e afins PRECISA mudar! È necessário que haja um sentimento de busca da melhoria dos quadros profissionais, sendo que essa ação DEVE começar dentro da própria Instituição, com ganhos reais para todos!!

Novamente: o líder nato jamais vencerá pela imposição ou só pelo conhecimento próprio. As Instituições e os projetos PRECISARÃO ter a atitude compassiva de quem distribui essa carga virtuosa de conhecimento.

Gestores, Diretores, CEOs, pensem no assunto! Vejam se seus líderes estão efetivamente tendo esta atitude. Se não, busquem treinamentos que os direcionem para esta habilidade: MISERICÓRDIA!!

MISERICÓRDIA!!!

QUANDO ENTENDERÃO ISSO??

 

Maria da Penha Amador Pereira, Economista formada pela Pontificia Universidade Católica de São Paulo com especialização em Desenvolvimento Econômico.

Atuou em carreira corporativa na antiga Companhia Energética de São Paulo, Banco do Estado de São Paulo e no Citibank, onde desenvolveu carreira por aproximadamente 30 anos em Controladoria, Planejamento Estratégico, Segurança de Informações, Gestão de Crises e Continuidade de Negócios, Qualidade, Projetos de Melhorias de Processos e Produtos Bancários, Controles Internos, Auditoria, Governança Corporativa, Regulamentação Bancária e Compliance.

Atualmente é escritora com obras já publicadas, Master Coach e PNL, Orientadora e Mentora de Carreiras, Palestrante e Educadora Financeira, tendo publicado mais de 55 artigos em Portais de Empreendedorismo, mídias sociais, jornais e revistas regionais e LinkedIn, além de ter participado de vários seminários e fóruns sobre diversos temas ligados à realidade brasileira e Compliance.

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