Você trabalharia na sua própria empresa?

Atenção empreendedor – você gostaria de trabalhar na sua própria empresa?

Mais que trabalhar e ganhar dinheiro, as pessoas querem se conectar com propósitos

Quando se fala em empreendedorismo, mesmo que de pequenos negócios ou startups, é preciso se preocupar desde o começo com o que as pessoas buscam quando escolhem uma empresa onde trabalhar.

Pare e se pergunte:

Você trabalharia na sua própria empresa?

Hoje, muito mais que trabalhar e ganhar dinheiro, colaboradores buscam se conectar com os propósitos da empresa onde trabalham e causar impacto, fazer a diferença. Para Caio Infante, um dos co-fundadores da Employer Branding Brasil, iniciativa de gestão estratégica de marcas empregadoras, o que as pessoas querem em suas relações, inclusive profissionais, são valores que conversem com seus próprios valores.

“É isso que faz com que as pessoas se levantem da cama todos os dias para trabalhar. Não é salário e nem benefícios – o que mais atrai as pessoas candidatas a uma vaga de emprego é a conexão de valores, por isso o employer branding vem se tornando fator chave para as empresas, principalmente as que estão começando. É cada vez mais importante pensar nos atributos de marca que você vende”, explica.

O tema employer branding vem ganhando cada dia mais força, já que as empresas estão, finalmente, descobrindo que as pessoas candidatas cada vez mais escolhem onde trabalhar não pelo dinheiro, mas sim por propósito, cultura, valores, pessoas e ambiente entre outros atributos de marca intangíveis.

A reputação de uma marca é construída no dia a dia por clientes, colaboradores e candidatos, e quem está empreendendo precisa pensar nisso desde o momento de criação da empresa, evitando uma crise futura.

É preciso garantir que o que falam da empresa é a imagem que ela quer passar para o mercado, e o que garante isso é o EVP (Proposta de Valor de Emprego). “O EVP é aquilo que os funcionários mais valorizam ao trabalhar em uma empresa e ele está diretamente relacionado à cultura do local de trabalho, que é a maneira como as pessoas trabalham e se comportam em uma organização, e ao employer branding, que é a maneira como a empresa conta seu EVP para atrair e reter seus melhores talentos”, explica Caio.

Estes três conceitos não são sinônimos e nem são intercambiáveis, segundo ele.

EVP

O EVP não é a marca da empresa, mas sim o conjunto de elementos coletivos que os colaboradores mais valorizam na experiência de emprego em determinada empresa. Ele só pode ser formulado por meio de pesquisas, indo muito além de suposições do RH ou dos executivos da empresa. A pesquisa de EVP deve ser imparcial, confiável e válida.

CULTURA

A cultura começa com a missão e a visão de uma organização ao moldar ou remodelar seu comportamento. Ela não é o EVP e nem a marca – é a base de como o trabalho é realizado. A cultura é passível de construção e mutação quando há esforço real para isso.

EMPLOYER BRANDING

Marca não é EVP, mas sim aquilo pelo que a empresa se torna conhecida, o que nem sempre está sob controle, por isso a necessidade do trabalho do Marketing. E marketing também não é EVP, mas sim o esforço que se faz para vender certos aspectos dele.

O papel do employer branding é, justamente, determinar quais são estes aspectos do EVP que a empresa mais deseja vender e, para isso, desenvolver um plano de marketing, colocando a mensagem certa no canal certo para o público certo.

A dica de Caio Infante para as empresas que estão começando é: se preocupem com employer branding ou gestão de marca empregadora desde o começo. O primeiro passo para entender melhor tudo isso, segundo ele, é o empreendedor se perguntar por que alguém deve comprar seu produto ou serviço. “Tenho certeza que esta resposta vai trazer uma lista extensa de detalhes técnicos e atributos tangíveis e aspiracionais, com direito a pesquisas e avaliações de consumidores contando sua experiência, além de campanhas que criam desejo e até necessidade pelo que a empresa oferece”, garante.

O próximo passo é se perguntar por que uma pessoa deve trabalhar na empresa.

“Porque a empresa está crescendo!”

E, por acaso, alguém quer trabalhar em uma empresa em declínio?

“Porque nossa cultura é demais!”

Na visão de quem e como garantir isso? Ou, ainda, como um candidato pode experimentar isso?

“Porque nosso produto ou serviço é sensacional!”

Na sua visão, mas e na dos concorrentes? Será que o seu candidato tem a mesma paixão?

“Porque nosso time é o melhor!”

“Porque…”

Segundo Caio, a falta de resposta clara e real para esta pergunta deixará nítida a falta de um posicionamento estratégico de marca empregadora, uma proposta de valor para o empregado, o tal do EVP. “Este exemplo nos faz perceber que não podemos nos basear em ‘achismos’ e opiniões sem uma metodologia clara, com dados e fundamentos”, explica.

Empresas que estão começando e startups em estágio inicial precisam se lembrar que o que atrai candidatos e retêm colaboradores são a paixão e a visão do dono, mas conforme a organização cresce e ganha processos e ferramentas, já não se conhece todo mundo pelo nome e nem o nome do cachorro ou do filho dos funcionários – essa é a hora limite para pensar em organizar e estruturar uma proposta de valor para o mercado. “Quanto antes, melhor.

Mais cedo ou mais tarde, o dono da empresa não poderá mais influenciar os candidatos e não participará de todas as contratações, mesmo que sua visão e paixão continuem a inspirar as pessoas dentro e fora da organização.

Paixão e visão sem oportunidade de carreira profissional, aprendizado e desafio que as pessoas buscam na vida profissional não serão suficientes para convencer alguém a viver o sonho do fundador”, aconselha Caio.

A definição clara do “Quem Somos” enquanto empresa para trabalhar garante colaboradores engajados e conectados com o propósito e os resultados do negócio, além de ajudar a trazer candidatos que serão colaboradores que farão a diferença na empresa.

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