Utilizando as Estações Antárticas como exemplo de empresas sustentáveis
Prática da sustentabilidade aumenta credibilidade da empresa, melhora sua imagem e aumenta a vantagem competitiva
A sustentabilidade e o cuidado com o meio ambiente não é só uma prática individual. A sustentabilidade não é discutida apenas porque está na moda ou porque é novidade: ela é uma necessidade. E as empresas também precisam seguir práticas sustentáveis e incentivar os colaboradores.
Na prática, no entanto, muitas empresas ainda pensam que não precisam se preocupar porque não fazem parte do meio ambiente, que isso é coisa de ambientalista e que a sustentabilidade é cara e nada vantajosa. Segundo a bióloga Francyne Elias-Piera, pensar assim é um grande engano. “Praticar a sustentabilidade em uma empresa não é caro e muito menos difícil, e ser uma empresa sustentável pode trazer inúmeros benefícios. Com minha experiência nas Estações Antárticas posso afirmar que existem muitas ações que podem ser copiadas pelas empresas sem muitos obstáculos ”, afirma.
Francyne é Mestre em Oceanografia Biológica pela USP e Doutora em Ciência Ambiental pela Universitat Autònoma de Barcelona. Desde 2000, ela pesquisa os invertebrados da Antártica e já participou de 5 expedições com Brasil e Coréia, ficando nas Estações de Pesquisa e embarcada em navios polares. Viveu na Coréia do Sul por 2 anos e foi a única latina pesquisadora do Instituto de Pesquisa Polar Coreano. Hoje, Francyne é Pós-Doutoranda na USP e fundadora do Instituto Gelo na Bagagem, a primeira plataforma de educação e entretenimento antártico com site, canal no Youtube e perfil no Instagram. Pelo Instituto, ela incentiva, desde 2010, a formação de novos pesquisadores antárticos no Brasil, México e Chile por meio de palestras e cursos presenciais e online.
Segundo um estudo publicado em 2020 pelo Instituto Akatu e pela GlobeScan, os clientes ainda têm altas expectativas quanto às políticas de sustentabilidade de empresas. “A sustentabilidade contribui para o crescimento do negócio, melhora sua imagem e aumenta a vantagem competitiva”, explica Francyne.
Além de aumentar a credibilidade e a percepção de valor da empresa pela sociedade, ela garante desenvolvimento econômico ajudando no crescimento do negócio. Um dos principais pontos neste sentido é a redução de custos de produção – estratégias como reciclagem, reutilização de água e reaproveitamento de matéria-prima, por exemplo, contribuem para a economia de processos na empresa.
Outro aspecto importante a ser ressaltado, segundo a bióloga, é a satisfação dos colaboradores, o que resulta em maior motivação e, consequentemente, mais produtividade, o leva à alta performance. “Muitos empresários já sabem que, além de todas estas vantagens, a sustentabilidade ambiental também tem um alto valor legal, afinal, as empresas que não se adequam às leis ambientais são submetidas a constantes fiscalizações”.
Algumas práticas sustentáveis relativamente simples praticadas nas Estações que podem ser replicadas nas empresas em geral são:
- Reciclagem de materiais
- Reutilização de sobras de matéria-prima
- Uso de materiais ecológicos
- Uso de filtros para barrar a emissão de poluentes no meio ambiente
- Descarte adequado de esgoto e resíduos químicos
- Eliminação de copos descartáveis
- Utilização de lâmpadas de LED
- Economia de água e energia
- Lixos de coleta seletiva nos ambientes de trabalho
- Troca de documentos online para evitar impressões
- Incentivo ao uso de transportes alternativos (vale-transporte ou vans que levam e trazem os colaboradores)
- Uso de materiais recicláveis para produzir embalagens
- Em vez de sacolas plásticas, utilização de sacolas biodegradáveis
- Redução do volume da embalagem ao máximo
Isso tudo pode ser feito em qualquer empresa, independentemente de seu porte ou área de atuação., pois essas mesmas práticas sustentáveis são realizadas na Antártica, um lugar totalmente inóspito e remoto. “As Estações de Pesquisa por lá estão cada vez mais sustentáveis.
Temos Estações com energia movida por turbinas eólicas e painéis solares, por exemplo, mesmo tendo luz apenas 6 meses do ano. Para isso, as janelas são grandes, o que permite a utilização do máximo de luz possível no Verão.
No interior da Estação, a tecnologia usa o calor da radiação e o calor humano para manter o aquecimento sem precisar usar tanto a calefação”, explica.
Outros exemplos citados por ela incluem tratamento de água e esgoto de última geração, com biorreatores e tecnologia ultravioleta. “E todo o lixo produzido no local é separado, embalado e trazido para o Brasil. Pensando assim, qualquer empresa pode dar conta de ser sustentável”, finaliza.
Sobre o Instituto Gelo na Bagagem
O Instituto Gelo na Bagagem tem o propósito de criar consciência ambiental sobre a Antártica e os oceanos e ajudar as pessoas a darem seus primeiros passos em ações sustentáveis. Criado pela bióloga Dra. Francyne Elias-Piera, é a primeira plataforma de entretenimento antártico que oferece cursos e palestras sobre o tema, além de disponibilizar conteúdos gratuitos no Instagram e no Youtube.
Por meio de uma linguagem lúdica e divertida, ela conta em suas palestras pelo mundo como foi sua experiência em cinco expedições à Antártica. Seu trabalho atinge públicos de várias idades, proporcionando entendimento e reflexão sobre o tema e intensificando a adoção de práticas de preservação ambiental.
O objetivo do Instituto Gelo na Bagagem é ensinar que sobre a integração das pessoas ao planeta e mostrar que as ações de todos interferem no meio ambiente e, inclusive, no ecossistema antártico.
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