Dá pra premeditar um meme?
Hoje me peguei conversando sobre memes e conteúdo viral com um amigo que trabalha em uma agência de propaganda.
Ele me falava da árdua tentativa da equipe de criação da agência de criar conteúdos que se tornassem virais e tivessem o potencial de se espalhar como memes, propagando a mensagem da marca de maneira poderosa, sem que a princípio parecessem materiais de marca, mas que vendessem a ideia da mesma e fossem replicáveis. Como se fosse possível premeditar um conteúdo viral.
Afinal, dá pra premeditar um conteúdo viral? Dá pra premeditar um meme? E se der, ele realmente segue o propósito da marca? Memes são unidades fundamentais de conceito que se multiplicam descontroladamente e evoluem, como uma unidade biológica.
Em termos práticos, é aquela imagem-piada na qual você bate o olho e quer espalhar, ou então quer mudar o texto, ressignificar de acordo com o seu contexto, e mandar pra frente.
Sua marca e sua agência podem até tentar premeditar um conteúdo viral. Acho que é o que agências tem tentado fazer desde que se entendem por agências. Podem tentar captar o zeitgeist, transformar em um conteúdo simples, de alto impacto e que gere uma conexão. Podem também se apropriar de memes que já existem e trabalhar uma identificação com a marca e o público. Todos estes recursos estão aí e cabe a você e seu time fazer o trabalho certo de linguagem, mensagem e canal.
Antes de qualquer coisa, no entanto, lembre-se de alguns princípios de marca (e de relação entre cliente e empresa) que devem preceder qualquer briefing de agência e que vejo muitas marcas campanhas “virais” deixando para trás:
– Se eu viralizar, terei estofo pra lidar com a explosão de visibilidade e demanda?
– E se viralizar do jeito errado, gerando um ruído na comunicação, eu saberei contornar a situação?
– Viralizar pra quê? Eu preciso mesmo dessa visibilidade, ou preciso cuidar melhor do cliente que já tenho?
César Munhoz é artista, comunicador e produtor de ativos de entretenimento para projetos no Brasil, Estados Unidos, Suécia e Austrália. Mestre em Entertainment Business pela Full Sail University, com formação em Jornalismo, Publicidade e Cinema pela UTP, Planejamento de Comunicação Integrada pela FAO, Sound Design pela Escola São Paulo de Economia Criativa e Escuela Sonica Buenos Aires. Apresenta, toda quarta 19h, a live “Arte, Entretenimento e Conexões” nos canais da Full Sail Community.