O que é o Innostart

O que é o Innostart, do Núcleo de Empreendedorismo da USP São Carlos?

Em meu último artigo, falei sobre a importância e a urgência de mantermos os cientistas e pesquisadores no Brasil, pois em minha opinião, o crescimento econômico e social de uma nação se faz por meio da educação e do conhecimento, não desmatando florestas para criar pastos ou extensas áreas de monocultura, muitas vezes explorados por empresas com capital estrangeiro, a fim de produzir apenas commodities.

Infelizmente, temos alguns indícios de que as coisas não vão muito bem nesse sentido. No final de julho os servidores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ficaram indisponíveis para acesso externo por 12 dias.

Todas as pesquisas e bolsas que dependiam dos dados armazenados nesse sistema ficaram inacessíveis durante esse período de forma total. Após esses 12 dias, os serviços foram sendo normalizados gradativamente, demorando ainda alguns dias para o reestabelecimento integral. Servidores estão sujeitos a falhas e isso não é novidade.

O que preocupa é não haver um plano de contingência, o que pode denotar problemas mais sérios e o caso do servidor ser apenas um sintoma. Em abril de 2021 foi definido o orçamento do CNPq para o ano fiscal de 2021: trata-se do menor orçamento do século.

Apenas R$ 1,23 bilhões. O CNPq está vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e, agora em outubro, quando o atual ministro apresentou a modesta proposta de aumento de 7% no orçamento de 2022, recebeu como contraproposta o corte de R$ 600 milhões. Em junho deste ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE), também vinculado ao MCTI esteve na pauta, pois o supercomputador Tupã, que outrora colocou o Brasil na 29ª posição no ranking de poder computacional, estava correndo riscos de ser desligado por cortes nos repasses das verbas do Instituto.

Esse equipamento é chave para o estudo e para a previsão de fenômenos meteorológicos, para o monitoramento de reservas florestais e demais áreas sensíveis, para a detecção de focos de incêndios florestais e de diversas infrações à legislação ambiental. Uma explicação surgiu, após as críticas terem se amplificado, dizendo que o desligamento iminente era real, mas se devia à substituição do equipamento por outro, mais atual e mais eficiente, com prazo de entrega em 60 dias. Alguns meses depois, ainda não se tem notícia da compra desse equipamento.

Apesar desse cenário sombrio para a pesquisa e para a ciência, temos boas notícias para contar: elas vêm de São Carlos, município paulista que abriga um Campus da Universidade de São Paulo (USP). Nas salas de aula dessa Universidade surgiu o Núcleo de Empreendedorismo da USP São Carlos, iniciativa que visa apoiar o surgimento de startups de base científica, a partir de programas de pré-aceleração como o Innostart.

O programa é desenvolvido em cerca de doze semanas muito intensas, com workshops e flipped classes, duas vezes por semana, muita “lição de casa”, além de brown bag lunchs com empreendedores de sucesso, e muito networking. Os fundadores das empresas são colocados à prova durante todo o programa, apresentam suas ideias, aprendem técnicas realmente relevantes, apresentam seus pitches, em diversos formatos e tempos e recebem continuamente feedbacks de mentores e de investidores de primeira categoria, convidados do programa.

O time que conduz o programa, de forma impecável, se desdobra para fomentar o match entre investidores e as startups participantes e frequentemente divulga oportunidades de aceleração, hackathons, missões internacionais e coworking. Dessa forma, colocam os futuros empresários em contato direto com o ecossistema empreendedor de base científica e assim apoiam e propiciam aos cientistas e pesquisadores que desenvolvam suas ideias e que possam transformá-las em produtos e serviços, gerando produção científica, patentes, criando empresas e empregos, e gerando renda e desenvolvimento para a sociedade.

Com graduação em Engenharia, pós-graduações em Marketing e Computação Aplicada à Educação, Mestrado em Educação Matemática e Doutorado em andamento na mesma área, Luis Pacheco tem experiência no mercado financeiro e em empresas digitais, atua como professor no ensino superior, como mentor de startups, como pesquisador e é autor de conteúdo especializado.

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