A relação com o dinheiro Parte V: Posturas do “ser rico”

Meu amigo leitor, meu objetivo com esta série sobre Educação Financeira não se limita apenas a transmitir regras práticas e bem conhecidas embora nem sempre seguidas de se ter uma vida financeira saudável, sustentada e geradora de patrimônio no longo prazo.

Penso que de nada adiantaria ensinar (mais uma vez)  a controlar efetivamente despesas e receitas se antes não refletíssemos sobre o que é para mim e para você a riqueza.

Muitas pessoas acham que pensar em riqueza é algo condenável, uma vez que o desejo dessa condição de vida (o ser próspero) é algo materialista e individualista demais. Repito que não é assim, não há mal algum em desejarmos alcançar um padrão de vida que nos propicie conforto, que garanta o futuro de nossos filhos, que nos permita prover nossos pais de tranquilidade em seus dias de maioridade, enfim, que nos dê condições de vivermos as melhores experiências que a vida nos pode oferecer. Não vejo nenhum mal nesse projeto.

Mais uma vez reitero que o mal está na maneira como adquirimos, enxergamos e mais ainda como utilizamos os recursos que obtivemos ao longo de nossa vida.

Ser rico somente para se ter dinheiro não é saudável. Você pode ser rico, ter excelente condição financeira e ainda assim, ser desapegado, ter consciência de que esses recursos lhe chegaram porque outras pessoas foram presentes em seu caminho e lhe abriram portas, que por seu mérito, sim, claro, foram ultrapassadas sendo que lá do outro lado você encontrou o que buscava.

Desta forma, de igual maneira que pessoas lhe abriram caminhos e portas, pelos quais você arriscou-se a passar com sucesso, você também deve ter consciência de um propósito de mostrar o caminho para outros que estão vindo após você o que lhe dará sentido a todo o esforço que fez para chegar onde desejou estar.

A riqueza para ter sentido precisa ser social e não individual. Não é sobre dar sua casa para moradores de rua habitarem nela. Não é isso. É sobre o fato de que uma pessoa com recursos em excesso torna-se responsável por gerar também algo como um excesso para os outros de alguma forma, com ações práticas e não apenas discursos.

Mas antes de tudo isso acontecer você precisa ficar rico, não é mesmo? E não é apenas fazendo um controle mensal ali bem justinho de suas despesas versus suas receitas, que você chegará ao patamar tão sonhado. Controlar é algo como equilibrar-se em um corda, riqueza é algo como resultado de um investimento que se faz com foco e certeza interior de chegar-se lá.

Vamos então ver como seriam algumas (há várias) das posturas mais recomendadas para que uma pessoa possa alcançar seus objetivos financeiros:

Postura Número 1: Ter Propósito de Ser Rico

Já falamos sobre esta postura nas partes anteriores desta série, portanto neste ponto complementarei com mais algumas reflexões para você pensar sobre o que realmente quer e, mais importante, se quer mesmo ser rico.

Sim, é muito importante o querer de fato. Sempre que abro um processo de Coaching, após a exposição inicial para o cliente pergunto se a pessoa está realmente disposta a realizar o processo, isto porque se houver alguma dúvida, o cliente perderá tempo e, já que estamos falando de Educação Financeira, também dinheiro.

É óbvio, mas vale reforçar que não se trata de se pensar que só querer a riqueza já a trará para nós, também não é isso (ou só isso). O que quero dizer é que conheço, e você também conhece pessoas que não se encantam em ter uma vida de confortos, contentando-se com os recursos que tem. Não há nenhum mal nisso, como também não existe mal em desejar o contrário.

Para ilustrar a atitude de “querer ser rico”, imagine que você deseja chegar a um cargo de diretoria na empresa onde está atuando. Você certamente não atingirá sua meta apenas “querendo”, mas sabe que chegar ao sonhado patamar de um alto cargo executivo demandará de você, por exemplo, viagens constantes e ultra rápidas (cansa viu?), horas a mais de seu dia dedicadas à Corporação, riscos até na PF caso você seja um Diretor Estatutário (você poderá responder como pessoa física por ilícitos que ocorrerem por ventura em sua empresa), preocupações com relação a resultados que apresentará aos acionistas, ou quotistas ou à família dona do negócio, dependendo da natureza de Instituição que dirigirá, almoços com aquele cliente, fornecedor ou acionista, ou presidente chato à beça….reuniões, reuniões, reuniões infindáveis, enfim, uma série de desafios para os quais você precisará estar preparado. Então é isso mesmo que deseja?

Para que você possa avaliar se é de fato isto que deseja, é muito recomendado que faça um exercício de perdas e ganhos, colocando no papel com sinceridade suas respostas que ao final, se bem executado, lhe dará um bom suporte para sua decisão.

Este exercício é válido para qualquer situação da vida em que você se veja diante de uma situação em que precisa, deve fazer uma opção por um determinado caminho. Quantas situações importantes e difíceis nos são colocadas no dia a dia e precisamos escolher.

Desta forma faça-se as seguintes perguntas sobre as perdas e ganhos, pois quando escolhemos um determinado caminho, não há ilusão, nos defrontaremos com problemas e obstáculos sim! Veja quantos “perrengues” você terá de passar se chegar a uma Diretoria em sua empresa, mas também note que este lugar lhe trará muito conforto e neste momento você precisa pesar o quanto está disposto a pagar pelo seu objetivo.

A mesma coisa acontece quando perseguimos o objetivo de chegarmos a uma situação de conforto financeiro, pois haverá luta, renúncias, adequações e tantos outros desafios.

É isso mesmo que você quer? Se é, interiorize, mentalize, “veja” firmemente desde sua caminhada você como alguém realmente rico, sem ostentação, mas com muita base, cm disciplina e dedicação a essa meta.

Avalie sua conduta diária, como gerencia seu dia, com honestidade responda-se quais são suas atitudes em seu quotidiano, como por exemplo:

  • Dormir até tarde.
  • Gastar muito tempo em redes sociais, conversando superficialidades, compartilhando memes.
  • Gastar demais em baladas e com amigos que não tem um objetivo claro na vida.
  • Comprar por impulso sem se importar com o gasto.
  • Não estudar com disciplina.
  • Não ter atitudes profissionais em seu trabalho.
  • Usar sem limites o cheque especial e depois pensar em como pagar.
  • Não conscientizar sua família acerca de limites que precisamos colocar em relação a gastos. Veja bem, isso não significa que a vida seja monástica, apenas que em certos momentos devemos avaliar o que e como faremos certas coisas.
  • Permitir que o medo excessivo de cometer algum deslize não permita que você realize investimentos com vistas a ter maiores ganhos.
  • Ostentar pela pura vaidade de mostrar-se aos amigos e familiares e como resultado fazer suas despesas serem maiores ainda.

Enfim, se você tem comportamentos como os dos exemplos acima, meu querido leitor está na hora de fazer algo proveitoso, porque as atitudes acima são ações, mas não agregam valor à construção de algo futuro e sólido. Se realmente deseja ter “aquela” situação de vida tão sonhada repense suas atitudes pois caso contrário seus sonhos serão apenas registros em uma folha de papel.E mais, mesmo que você ganhe uma bolada na megasena, se tiver posturas como as acima em pouco tempo estará de volta à estaca zero.

Por isso querer ser rico requer atitude, disciplina e firmeza no propósito e mais ser rico não significa ser ostensivo, às vezes muito ao contrário.

Conheço de vista uma pessoa que sempre vejo caminhando nas ruas do local onde moro, de forma simples e despretensiosa. Usa calças jeans, camiseta, tem um celular simples e sempre passeia a pé pelo bairro, nunca o vi andando de carro. Às vezes o vejo no mercado da região, comprando pouca coisa. Enfim, uma pessoa comum…Até que um dia….

Fui a uma reunião na Instituição Financeira multinacional onde trabalhava, na área de grandes fortunas e quem vejo por lá em uma das elegantes salas dos gerentes das polpudas contas que habitam esse segmento de negócios?? O tal que passeia todos os dias pelas ruas do bairro, com as calças quase caindo….nunca, mas nunca poderia imaginar que aquela criatura pertencesse ao mundo exclusivíssimo das grandes fortunas.

Veja, não estou querendo dizer que devamos ser relaxados propositalmente para que ninguém saiba, não se trata disso. O que quero exemplificar de forma muito prática e real é que pessoas verdadeiramente ricas não são apegadas a ostentação como forma de impressionar as plateias e mais são disciplinadas porém sem que ninguém as perceba como tal, apenas fazem sua parte com foco e com o firme propósito de gerarem valor para si mesmas e para suas famílias.

Postura Número 2: Ter Consciência do que é Ser Rico

Muitas pessoas não tem a clara percepção ou consciência do que é afinal a riqueza. Muita gente pensa de forma ilusória que ser rico é passar os dias no luxo, nas compras desenfreadas em locais da moda, carésimos, viajar duzentas vezes por ano na primeira classe, hospedar-se em hotéis de altíssima categoria, ficar horas à beira de uma mega piscina de uma mais mega ainda residência, apenas pensando em reuniões sociais, eventos, festas e por aí afora.

Com certeza as pessoas do mundo afortunado tem total acesso a todas essas situações de vida que não são condenáveis desde que realizadas com o bom senso que indivíduos que realmente sabem medir o valor das coisas certamente possuem, no entanto posso afirmar com total segurança que os nomes mais top das listas de efetivamente ricos não passam seus dias assim, mas continuam a empenhar-se em uma vida que produza mais e que seja interiormente satisfatória para si mesmos.

Vamos citar um exemplo apenas: você conseguiria imaginar Bill Gates utilizando seu tempo nas atividades de vida acima citadas? Sinceramente, eu não. Pense nos muitos exemplos de pessoas realmente ricas e como você imagina que seja suas vidas. Apenas tenha o cuidado de não confundir com elementos de famílias tradicionalíssimas, já sem muito dinheiro, mas que vivem à sombra de patrocínios de diversas procedências.

Pessoas como Bill Gates tem total consciência do poder que tem, do que representam para a sociedade, de tudo o que possuem e sabem perfeitamente como multiplicar o que possuem de forma a promover desenvolvimento para quem as auxilia, seja através de emprego, ações sociais, participação ativa na vida de comunidades onde se inserem sem terem a necessidade de aparecerem em redes sociais para auto divulgação. Essas pessoas tem consciência do valor do qual são beneficiárias e pelo qual são responsáveis, não precisando a todo instante fazer publicidade disso.

Isto significa que pessoas assim têm propósito e motivos muito justificáveis para serem o que são, sem se importar com as atividades que realizarão, uma vez que sabem porque as estão desempenhando.       E mais ainda: trabalham e muito, e claro, permitem-se momentos de lazer da forma como o muito lhes propicia, afinal, são merecedoras e ninguém é de ferro.

No entanto, por estranho que possa parecer, há uma outra categoria de pessoas cuja consciência do ser rico está centrada em não porque desejaram e lutaram por uma vida confortável e farta, mas pelo medo aterrorizante de ficarem um dia pobres. Essa maneira de pensar e viver é extremamente nociva tanto para quem vive assim, quanto para quem convive com um indivíduo desses, pois suas atitudes serão de extremo apego, negatividade e pouca disposição e disponibilidade de realizar algo pela sociedade, uma vez que pensa que tirar algo de sua conta, significará subtração de valores e não uma multiplicação de oportunidades para todos que no final acaba revertendo-se para quem as promoveu, ou seja, o rico.

Existem várias crenças e programações que caracterizam as pessoas que conseguem alcançar um patamar de total conforto porém de forma muito apegada e medrosa, como por exemplo:

  • Quero ter dinheiro para ter segurança no futuro, pois nunca se sabe o que a vida nos reserva.
  • Quero ter dinheiro para não passar pelo que meus pais passaram.
  • Quero ser rico para não ser discriminado por ninguém.
  • Quero ser rico para poder participar daquele grupo de pessoas influentes e importantes.
  • Quero ser rico para não precisar trabalhar tanto.
  • Quero ser rico para poder comprar tudo o que desejo sem pensar nas contas que terei que pagar.
  • Quero ser rico para não ter nenhuma preocupação na vida.
  • Quero ser rico para poder entrar em qualquer lugar sem ficar em filas.
  • Quero ser rico para ser respeitado por todas as pessoas, etc.

Note que todas as afirmações acima sempre estão direcionadas para o “eu”, quero, preciso, desejo, sendo que esta maneira de acreditar na possibilidade da criação de um patrimônio é totalmente individualista, materialista e sem propósito social ou extensivo a ninguém.

Não estou dizendo taxativamente que não devamos ter alguma visão futura que vise a gerarmos uma reserva para emergências ou mesmo para o conforto na velhice, mas que ainda assim, esse propósito seja extensivo e inclua sempre na jornada para a geração de nosso patrimônio, pessoas que estão ao nosso redor e que pensemos sempre que esse patrimônio tenha a característica de um legado nosso para construirmos oportunidades.

Você pode me contestar, fique à vontade, dizendo que o mais importante que podemos deixar como legado a nossos filhos, não é um patrimônio, mas a Educação. Concordo em gênero, número e grau com você, porém essa herança importantíssima e crucial para o desenvolvimento futuro só poderá ser conquistada através de algum recurso financeiro, não há jeito.

Podemos e devemos ensinar a nossos filhos a busca de seus caminhos dando o melhor de si, mas para que essa busca lhes seja profícua, precisaremos mostrar-lhes também a maneira mais correta e eficaz de lidarem com as reservas que receberão, através da visão do correto valor que devem dar a ela.

É por essa razão que defendo que desde cedo, além dos pais, a escola inclua em sua grade curricular uma disciplina de Educação Financeira, sendo que a importância desse ensino é tão notada que o Ministério da Educação já criou programas desenvolvidos para os professores de forma que estes estejam capacitados a passarem esse conhecimento para seus alunos.

Quando você ensina uma criança paciente e adequadamente a perceber o real significado do dinheiro, com certeza ela aprenderá e desde cedo adquirirá a percepção de que nem tudo se pode ter a todo instante, pois há limitações que precisam ser aceitas, sendo que se desejamos ter mais do que os limites nos impõem, precisamos nos dedicar a irmos em busca através de nosso próprio esforço. Isso a criança pode aprender até de maneira lúdica além de entender através de jogos que dinheiro não se “ganha”, mas se troca e quanto melhor for a troca criada por nós, tanto melhor será o retorno.

Resumindo esta postura, o comportamento ideal é termos a consciência do que é ser rico considerando sempre um propósito maior além de nós mesmos.

Postura Número 3: Enxergar-se Rico desde o Início

Você com certeza me questionará fortemente com relação a este comportamento criticando a forma (aparentemente) simplista com que apresento minha ideia. Como isto é possível se não existem recursos reais à disposição, se há dificuldades em se administrar um mês de salário, se há contas a pagar e mal se dá conta das mesmas? Você poderia me dizer: sim, sinto-me rico em contas.

Ok, com certeza as exigências da vida atual em tempos de Pandemia que ainda não estão encerrados infelizmente e de crise profunda em nível global e especialmente em nosso país onde verifica-se incremento da inflação e ao mesmo tempo um grave problema de desemprego que puxa para baixo de forma premente o consumo, não nos dão estímulos para nos pensarmos e sentirmos como “ricos”.

No entanto precisamos nos esforçar um pouco para notar que quanto mais focarmos em problemas e situações ruins, mais eles crescerão diante de nós impedindo-nos de enxergarmos o outro lado dos mesmos.

É cientificamente provado que quando nos vemos em uma situação prazerosa e confiante nosso cérebro produz muito mais serotonina, dopamina e outros hormônios do bem estar que nos fazem capazes de enxergarmos o futuro, apesar das experiências eventualmente desagradáveis do passado e desta forma conseguirmos fazer planos de situações felizes e tranquilas, além de nos trazer vigor e bem estar físicos pelo aumento da imunidade.

Em contrapartida, já reparou que quando passamos por períodos angustiantes nossa mente é inundada por uma carga negativa às vezes insuportável, além de percebermos dores e diversos problemas em várias regiões do corpo? Isso acontece porque nesses momentos hormônios como cortisol e adrenalina agem de forma intensa em nós produzindo sensações de mal estar, tristeza, desânimo e depressão.

Um exemplo claríssimo dessa situação foi e ainda está sendo a Pandemia do Coronavirus: quantas pessoas, idosos, adultos jovens e até crianças não tiveram alterações físicas e emocionais ao longo destes praticamente 2 anos de enfrentamento? Quantas consultas a psicólogos, psiquiatras, hipnotistas e religiosos de todas as crenças não foram realizadas? Pessoalmente tive vários amigos e conhecidos que faleceram não pela Covid19, mas por câncer, desenvolvido ao longo da Pandemia, que além de tudo provocou atrasos fatais nos tratamentos.

Com tudo isto quero mostrar-lhe como pensar constantemente de forma destrutiva provoca alterações em nosso comportamento levando-nos a ver somente o lado ruim das coisas, como se tudo fosse uma ameaça. Assim, uma pessoa que se nega a entender que antes de sermos ricos precisamos sim, querer sê-lo, e se assim for, precisamos logo de início nos sentirmos já ricos, nos enxergarmos na situação almejada como um exercício de aquecimento de nosso foco, nunca, jamais conseguirá chegar ao patamar da riqueza, mesmo que ganhe um valor extremamente elevado em uma loteria, por exemplo.

Resumindo esta atitude, faça um exercício: coloque em uma folha de papel ou monte uma planilha se tiver facilidade com o excel, tudo o que você efetivamente deseja, mesmo que lhe pareça inalcançável. Faça uma coluna com seus itens de desejo, outra com os valores que você acredita que valham, outra com a maneira que acredita obtê-los e finalmente escreva uma data factível para alcançar aquele item.

Vá acompanhando de tempos em tempos, mas ao escrever cada item, visualize-se já usufruindo dele, imagine-se em uma situação onde você esteja com o que escreveu e acima de tudo, acredite em si mesmo e que conseguirá. Note que isto não é uma receita de bolo e com certeza haverá dificuldades, momentos de desânimo, virão problemas, acontecerão escolhas, mas ao final teremos no mínimo alcançado uma boa parte de tudo o que escrevemos. Isto é REAL, falo por experiência própria.

Veja que acima escrevi o termo “exercício”, o que significa que exercitaremos nossa mente para que produza substâncias que nos estimulem a criar valor para nossa vida e nos enxergarmos realizando nossos sonhos, vivendo situações felizes, gerando com nosso empreendedorismo até em nosso próprio trabalho corporativo dependendo do caso, mais emprego, auxiliando comunidades carentes, contribuindo com nossos recursos para a continuidade do ato da Criação, influenciando nossa família, amigos, filhos, para que ajam da mesma maneira, com igual intensidade de maneira a tornar a riqueza algo realmente benéfico e útil para a sociedade. Riqueza pensada somente para si próprio, não agrega valor, torna a pessoa desconfiada, isolada pois não cumpre seu real papel.

Postura Número 4: Ter Gratidão e Responsabilidade

Por mais que muitos textos sugiram que a gratidão está sendo banalizada pelo Coaching, insisto que continua sendo uma absoluta verdade que as pessoas que vivem a gratidão são muito mais abertas, prósperas, ricas e muito, mas muito mais felizes.

Ter gratidão não é a mesma coisa que críticos costumam escrever sobre o que nós, coaches, falamos sobre esse sentimento, ou seja, não se trata de agradecer por, por exemplo, você não ter batido sua cabeça naquele poste, isto é um desrespeito tanto ao sentido da gratidão quanto aos profissionais que buscam auxiliar seu próximo a criar condições para uma vida plena.

A real gratidão é um sentimento que promove e eleva o ser humano à sua melhor condição, fazendo com que a pessoa tanto beneficiária de um ato quanto a que o praticou em prol de alguém, tenham a sensação deliciosa da felicidade, de leveza e alegria, o que em termos bioquímicos significa que a gratidão faz com que o corpo humano produza grande quantidade de hormônios do bem estar, daí as sensações gostosas que percebemos quando nos sentimos gratos ou quando fazemos algo por alguém, ou por alguma causa, justamente porque um dia alguém fez a mesma coisa por nós e em um dado momento tivemos a oportunidade de replicar. É como um círculo virtuoso.

E onde entra a gratidão nas posturas e condutas que devem estar presentes em uma pessoa efetivamente rica? Pense comigo: por acaso nossa atual e excelente situação de vida aconteceu por geração espontânea? Certamente que não!

Mesmo que tenhamos nos esforçado e dado nosso melhor, renunciamos a diversões em benefício de estudarmos mais com o fim de sermos aprovados naquela prova, naquela defesa de tese, naquele concurso, etc, mesmo que tenhamos obtido destaque em nossa empresa, chegando até a posição mais elevada, ainda assim temos que ser gratos!

E por quê? Simplesmente porque ALGUÉM nos antecedeu em renúncias para nos dar condições de alcançarmos tudo isso! Você pode dizer: mas e os filhos de pais milionários? Mesmo assim, um dia qualquer alguém fez um esforço consciente de que talvez fosse melhor para si não fazer ou ainda sem pensar em si mesmo em nenhum instante, privou-se de alimento para dá-lo a seus filhos, renunciou a uma vida um pouco melhor para pagar um bom colégio, trabalhou insanamente, até em mais de 1 emprego para formar um adulto pleno. Por outro ângulo: alguém que nos concedeu alguma coisa muito útil, mesmo que esperasse por um retorno, essa pessoa se dispôs a sair de seu conforto e fazer algo por nós, enfim, perceba quantas situações profundas e reais nos levam a agradecer sem sermos banais!

A pessoa que não percebe essa relação tão íntima com quem convive conosco, não consegue ser feliz e não enxerga soluções, somente vê os problemas. E nesse sentido a gratidão é uma atitude libertadora, que provoca fluidez, permitindo-nos ter esperança, otimismo adequado, certeza de que alcançaremos aquilo a que nos propusemos e faz com que sejamos queridos e amados.

E a responsabilidade, onde entra neste contexto de criação de riquezas? Como qualquer ato de nossa vida, a criação da riqueza requer que façamos escolhas e que de forma consciente e honesta sejamos responsáveis pelas consequências daquilo que escolhemos. Uma situação de vida plena, é fruto de boas escolhas, de gratidão pelas mesmas e por quem nos auxiliou de qualquer forma durante nossa jornada e de amadurecimento pessoal em relação ao outro.

Não é porque temos alcançado uma posição de destaque em qualquer segmento da vida, que devemos agir como se as pessoas fossem menos dotadas de inteligência, astúcia, conhecimento, etc, que nós. Ao contrário, temos a responsabilidade de buscar elevar o outro estimulando-o a repetir nossa jornada, ou seja, quanto mais afortunada é uma pessoa, mais responsabilidades ela possui perante a comunidade em que atua e onde formou-se e obteve sucesso, e claro, sem deixar de desmerecer a aceitação em enfrentar os desafios que o individuo afortunado teve, mas lembrando, como falado no trecho sobre a gratidão, que outros nos antecederam nas renúncias, abrindo nossos caminhos que aceitamos trilhar apesar de sabermos do que viria pela frente.

A pessoa que cumpre seu papel de forma responsável e inclusiva enxerga sempre grandes oportunidades pelo fato de que precisa criar novas condições para que outros possam ser beneficiados também e assim vai realimentando a cadeia de prosperidade por ter criado novas maneiras de trabalhar que geram mais emprego, mais renda e consumo e note que em certos momentos essas inovações acontecem em função de um problema de qualquer natureza ou crise que a atitude responsável não encara como algo negativo, buscando ou apontando culpados, mas ao contrário procura vislumbrar formas diferentes de derrubar os obstáculos.

Novamente temos o exemplo da Pandemia! Quantas formas diferentes de consumo apareceram? Quantas pequenas empresas foram criadas da percepção de uma necessidade que precisava ser atendida? Quantas pessoas de forma responsável e acolhedora cuidaram de outras menos atendidas ou favorecidas?

Note caro leitor, como a riqueza é benéfica! Se conseguiu perceber isso, já atingi meu objetivo!

Postura Número 5: Valorizar seu Trabalho

Há muitas pessoas que acreditam que o valor do trabalho depende de sua categorização, ou seja, um trabalho de Engenharia tem mais valor que o trabalho do pedreiro que construiu a ponte projetada pelo engenheiro porque aquele é fruto de um estudo profundo, matemático, físico-químico, de muito cálculo, complexo, cheio de equações, logaritmos, geometria, trigonometria, enfim.

Claro que há uma grande diferença em termos de tempo de estudo e especializações, mas em qualquer situação afirmo que o trabalho dos dois, engenheiro e pedreiro, possuem igual valor em relação ao fato de que um depende do outro para levantarem aquela ponte que escoará uma quantidade fenomenal de grãos para o Porto X em metade do tempo que se leva hoje, o que reduzirá os custos de logística e escoamento das safras, o que incrementará as exportações trazendo mais divisas e ganhos para o agronegócio, que em sua região devido a esse incremento, gerará mais empregos pelos ganhos obtidos com a redução do tempo de embarque, os quais necessitarão de mais insumos e recursos em termos de alimentos  e outros bens nas cidades da região, que movimentará o comércio…uf…isso continua muito mais, use sua imaginação e sinta como o trabalho deve ser valorizado em todos os sentidos.

Certa vez assisti a um vídeo tipo meme, cujo título era “o valor de seu trabalho”, extremamente engraçado. Esse vídeo de origem coreana (possivelmente Coréia do Norte) retratava uma homenagem a um líder comunista na data de seu aniversário. Seria uma formação da foto do líder feita por jovens ciclistas que montados em suas bicicletas segurariam sobre suas cabeças pedaços relativos ao rosto do mandatário na praça principal da cidade sendo que todas as autoridades do país estariam presentes à homenagem, juntamente com o líder que observaria a formação de sua fotografia sobre um alto palanque montado especialmente para o evento.

Muitos dias de cansativos ensaios, erros corrigidos, placas caindo, sendo trocadas, gritos dos guardas, xingamentos, rigidez, disciplina militar, e eis que finalmente chega o grande dia. O vídeo em sua sequência retrata o final do último ensaio, todos muito exaustos, nervosos e ansiosos pela grande apresentação do dia seguinte a qual NÃO poderia ter nenhum problema.  Um rapaz da formação volta então para sua casa, muito tarde e preocupado, coloca  a placa que lhe coube em um canto de seu quarto e o despertador para funcionar no horário para que ele se levantasse e se preparasse a tempo de ir para o evento.

O que se vê então é uma sequência hilária de horrores…o rapaz perde a hora pois o despertador não funcionou….ele acorda muito tarde, praticamente na hora da festa na praça que já estava repleta de milhares de ciclistas em ação para a formação da foto,  com suas placas com as partes do rosto do chefe do partido.

Detalhe: esse rapaz era o responsável pela placa que mostrava um dos dentes incisivos do líder comunista…..bem, o resto da história você consegue visualizar, não? A moral da estória é que o trabalho de cada um tem um valor crítico para um grande resultado.

Quando não damos o real valor ao que fazemos, não agimos com foco e principalmente com compromisso e amor. Não haverá desta forma a geração de riqueza até o momento em que tivermos a percepção que nosso trabalho existe porque é necessário e que portanto deve ser primeiramente valorizado por nós mesmos!

Quer gerar riqueza para sua vida? Pense em seu trabalho como algo que você tem como um patrimônio e como tal é um ativo com valor. Por esse motivo pare de dizer que você “ganha” seu dinheiro fazendo X ou Y. Como assim “ganha” dinheiro? Você não ganha nada! Por acaso alguém já lhe presenteou com um pacote de dinheiro? Isso é ganhar dinheiro!

Não se ganha dinheiro, mas sim troca-se um valor pelo outro e desta forma atribui-se um peso importante e crítico aos dois lados, o que oferece o trabalho, qualquer que seja, e o que se beneficia dele. Pessoas que valorizam seu trabalho são boas negociadoras e são muito bem sucedidas e muito bem vistas pelos líderes das Corporações onde atuam. Valorize seu trabalho para valorizar-se da mesma forma.

 Estas lições não acabaram! Precisamos aprender mais sobre semear com foco para colher em abundância!

Maria da Penha Amador Pereira, Economista formada pela Pontificia Universidade Católica de São Paulo com especialização em Desenvolvimento Econômico.

Atuou em carreira corporativa na antiga Companhia Energética de São Paulo, Banco do Estado de São Paulo e no Citibank, onde desenvolveu carreira por aproximadamente 30 anos em Controladoria, Planejamento Estratégico, Segurança de Informações, Gestão de Crises e Continuidade de Negócios, Qualidade, Projetos de Melhorias de Processos e Produtos Bancários, Controles Internos, Auditoria, Governança Corporativa, Regulamentação Bancária e Compliance.

Atualmente é escritora com obras já publicadas, Master Coach e PNL, Orientadora e Mentora de Carreiras, Palestrante e Educadora Financeira, tendo publicado mais de 55 artigos em Portais de Empreendedorismo, mídias sociais, jornais e revistas regionais e LinkedIn, além de ter participado de vários seminários e fóruns sobre diversos temas ligados à realidade brasileira e Compliance.

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