Muito se tem falado, escrito e ensinado sobre Liderança. Tudo, em meu entendimento, apoia-se em duas palavras apenas: ATITUDE e FLEXIBILIDADE. E essas duas características necessariamente devem estar presentes em uma pessoa pioneira, em um empreendedor.

Por qual motivo?

Não existem definições incorretas e sim pontos de vista motivados por experiências de vida, profissionais e de formação, que orientaram as teorias, os livros e as aulas.

Desta forma, baseada em minhas próprias vivências em nível pessoal, profissional e educacional, desejo compartilhar também minhas reflexões sobre o que penso sobre ser um líder e quais as diferenças entre o verdadeiro líder e um “chefe”. Defendo que um “chefe” jamais será um empreendedor, porque sua visão é curta, é individualista. Um chefe nunca pensa no grupo, somente em si próprio, naquilo que lhe trará vantagens, o que o fará “bater as metas”. Este tipo de comportamento jamais trará motivação às equipes, simplesmente pelo fato de que as pessoas envolvidas, seja em um empreendimento de negócio, seja em um ambiente corporativo, nunca sentir-se-ão partes atuantes em um projeto ou em um empreendimento.

Sendo assim, como não se enxergam protagonizando o processo e sim sendo apenas partes operantes do mesmo, seguindo instruções em uma linha de produção em massa, não se estimulam a gerar valor agregado, a criarem soluções, a discutirem idéias, a inovarem, a empreenderem juntamente com o empreendedor.

Para basear minha exposição, relatarei um caso real que ocorreu em uma área de uma grande Instituição Financeira, na qual trabalhei por um longo par de anos. Não sei se expliquei, mas fui ativa trabalhadora de grandes ambientes corporativos e modestamente julgo-me capaz de transmitir minha experiência com a finalidade de que pessoas possam aprender, ou simplesmente refletir sobre os exemplos que mostro.

Vamos lá então:

Era um grupo forte, de relacionamento com grandes Corporações, o qual tinha tido um passado de resultados poderosos e tranquilos, em função da pouca concorrência que possuía. Ninguém podia com aquele gigante. Uma ligação simples de um Relationship Manager por si só já era capaz de gerar resultados para a Instituição. Ocorre que em muito pouco tempo, o mercado financeiro consolidou-se muito, outras Organizações Globais apareceram e a nossa precisou movimentar-se, estruturar-se para enfrentar o novo ciclo que estava chegando.

O grupo foi reestruturado, uma nova Diretoria muito mais jovem foi empossada, mudanças foram implementadas, novos gerentes de relacionamento chegaram todos de novas gerações. O novo Diretor do Business veio do mercado de Investimentos, Fusões e Aquisições, o que por si só, àquela época, já trazia um diferencial muito grande em termos de forma de trabalho.

Logo, a nova gestão mostrou a que veio, oxigenando o antigo grupo, gerando excelentes resultados para a Instituição como um todo. Logo ele mostrou-se um verdadeiro “Capitão de Indústria”.

Tudo perfeito, se não fosse por um detalhe: embora os resultados financeiros fossem excelentes, o ambiente de trabalho tornou-se carregado a um ponto tal, que era patente que em muito pouco tempo, as pessoas menos resistentes à pressão e à nova forma da posição da nova gerência em relação ao grupo como um todo, estariam em uma situação desconfortável e possivelmente fossem obrigadas a sair.

Foi então que surgiu a ideia de se realizar um Offsite em local muito interessante e entre as atividades do evento, a última seria uma pesquisa de satisfação do grupo todo em relação à gestão, que estava confiante, uma vez que os resultados esperados superaram as metas, sendo que a crença do Diretor era que, uma vez que o grupo superara todos os desafios, certamente o grupo estava bem em todos os sentidos.

O resultado da pesquisa foi um total desastre. O grupo demonstrou de forma contundente estar desconfortável, descontente, em uma palavra, infeliz. O grupo demonstrou que atuava bem porém sem o sentimento de protagonismo, apenas tinha MEDO.

O Diretor mal podia acreditar no que vira nos relatórios de resultados da pesquisa. No início da semana seguinte, convocou representantes de RH, a mim mesma e algumas outras pessoas de confiança para uma reunião sigilosa para discussão e avaliação do obtido.

A partir do discutido nessa reunião, começaram a acontecer alterações na postura antes inflexível e na atitude antes algo como que de tendência arrogante da Diretoria do Grupo, o que redundou em uma interação entre a gestão e as pessoas, muito mais acessível e saudável, melhorando ainda mais o que já vinha bem. FOI A PARTIR DAÍ QUE NASCEU O VERDADEIRO EMPREENDEDOR, o líder que com sua capacidade de aglutinação, articulação e engajamento, devolveu às pessoas sua verdadeira condição no grupo: a de protagonistas essenciais ao sucesso de grupo e da Instituição como um todo!  Ele entendeu que o sucesso e o resultado não eram dele, ele não era o “dono” do negócio!! Ele era o condutor de uma equipe que juntamente com ele escreveriam a nova história do Grupo! Ele era o empreendedor e passou a ensinar o empreendedorismo para todo o grupo, diferentemente de antes, onde ele se julgava bastar-se por si só e os demais tinham apenas que seguir o que ELE achava ser correto, o que ELE achava ser a melhor maneira de performar, de gerar valor.

Quais lições podemos extrair deste caso para o empreendedorismo?

(1)   Alguém que seja efetivamente um líder empreendedor, precisa estar atento ao que está acontecendo com as pessoas que gerencia, tentando “trazer” esses indivíduos para o seu lado, mostrando interesse em saber de cada colaborador o que o move, o que lhe gera curiosidade intelectual, determinação, e como ele se sente em relação a seu trabalho. Será que a pessoa sente-se bem em fazer o que faz? Ou mais, será que essa pessoa sabe o porquê do que faz? Que ideias ela tem sobre o que faz? As pessoas precisam sentir-se atuantes, ativas e não passivas, simples peças de uma engrenagem.

2)  Um líder empreendedor não impõe respeito pela força, coerção ou medo. Antes impõe respeito dando-se ao respeito e respeitando cada um conforme a natureza de cada pessoa. Ele procura “sentir” suas pessoas, ganhando com isso a força necessária para a propulsão do trabalho seja de qual natureza for.

3)   O líder precisa saber mostrar à sua equipe a necessidade de cada um conseguir explorar o significado de sua parte no trabalho e resolver os desafios. Ao mesmo tempo, o líder precisa fazer com que esses indivíduos tenham um interesse genuíno uns pelos outros e capacidade de mostrar que se importam com cada colega, formando desta maneira uma equipe forte, coesa, com um único objetivo, porém cada um com uma atuação individual vibrante.

4)   O verdadeiro líder empreendedor procura e incentiva em sua equipe qualidades além simplesmente do talento, tais como: curiosidade intelectual, coragem e caráter, mostrando exemplos reais ou mesmo conversando em um mesmo nível com as pessoas, incentivando-as a deixar de lado a preguiça de pensar, a melhorar suas habilidades e muito mais, saber quando chegou a hora de mudar de atividade, de seguir um novo rumo, plantar novas sementes, escrever uma nova história, pois, quando uma pessoa passa a dominar totalmente um trabalho, uma tarefa, ela começa a se aborrecer e o que era um desafio passa a ser algo entediante, sem atrativo, sem sabor, levando à acomodação. Um empreendedor em qualquer atividade NÃO pode ser acomodado!!

5)   O líder empreendedor deve então saber sempre tornar desafiante seu próprio trabalho e o de seus liderados ou colaboradores em seu empreendimento, para que ele mesmo se desenvolva e faça isso acontecer com quem está com ele, porque desta forma ele criará valor para a Instituição na qual trabalha ou para o projeto que esteja desenvolvendo.

O líder então não procura reter valores, ao contrário, ele cria condições para que esses valores se sobressaiam e desta forma sim, crie uma atmosfera de evolução sustentável para cada pessoa, para a Empresa ou para o negócio como um todo. O VERDADEIRO EMPREENDEDOR dissemina o empreendedorismo através de suas atitudes e seu altruísmo em espalhar o conhecimento e a energia que gera ação e resultados!

6)   O líder não tem medo de perder pessoas. Ele deve ter medo de não as perder, pois “segurando” as  pessoas talentosas significará que todos estarão na zona de conforto! Onde há empreendedorismo em zonas de conforto? Empreendedorismo, lideranção verdadeira é a busca incansável do novo, da criação, da aquisição de conhecimentos.

Até se entende que o líder não deseje perder talentos, mas se os retiver, impedirá que haja desenvolvimento de si próprio, enquanto criador de valores e dos talentos que não exercitarão sua melhor ação rumo a novos passos. Vejam como exemplo, a atitude do técnico da Seleção Brasileira de Futebol, quando determina que a cada partida, um atleta diferente seja o capitão da esquadra! O que ele nos ensina com isso? Que ninguém tem a verdade sobre nada! Que todos podem e devem arriscar-se a criar, a empreender! Todos possuem os recursos interiores necessários a serem empreendedores, líderes, cada um a seu modo, com seu jeito próprio! Desenvolvendo assim os talentos de cada um, TODOS serão PROTAGONISTAS dos resultados, e TODOS terão as atitudes que o VERDADEIRO LÍDER EMPREENDEDOR deve possuir! O técnico construirá uma equipe sólida, em que todos os elementos terão capacidades e habilidades para nos momentos de crise ou esforço extra, estejam devidamente preparados para enfrentar as dificuldades e importante, VENCÊ-LAS sem dramas.

7)   O líder não faz com que seus liderados trabalhem para ele, antes ele trabalha para que seus liderados atuem COM ele.

8)   O líder não apenas ouve, mas muito mais, ESCUTA, mostra-se inclinado e flexível a novas idéias, sem deixar de ser firme e mostrar claramente as necessidades do grupo, porém sem mostrar-se condescendente, pois prazos, metas e desafios são fatos que requerem ações coordenadas.

9)   O líder deve se postar à frente, mas não sobre as pessoas e sim ao lado delas e precisa saber desafiar seus colaboradores com novas responsabilidades para que estes sintam-se cada vez mais participantes do corpo da Instituição ou do negócio, gerando assim um sustentável desenvolvimento individual, da Instituição ou de seu negócio como um todo.

10) Um líder empreendedor tem claro para si que o mais importante em sua função ou projeto, além de gerar o resultado esperado, é gerar a EVOLUÇÃO das pessoas, o bem estar, pois desta forma ele terá como experiência uma transformação verdadeiramente eficaz e positiva.

11) Um líder não domina o conhecimento. Fazendo com que seu grupo evolua, gera conhecimento e aprendizado para si próprio a partir das trocas com sua equipe.

12) Um líder constrói uma equipe que atua coletivamente em uma mesma direção e quando enfrenta uma turbulência, pode contar com individualidades para vencê-la. Isso por quê? Porque soube no tempo certo escutar, discutir e criar novos caminhos. Um chefe, jamais consegue fazer isso pois não pensa coletivamente, e sim em seu próprio resultado.

13) Um VERDADEIRO LÍDER EMPREENDEDOR é o cara que FAZ DA DIVERSIDADE A UNIDADE!!!

Esse é um tema que de forma consistente é sempre discutido; do lado corporativo há muitas empresas que contratam Coaches para que realizem trabalhos junto a seus gestores com a intenção de desenvolver neles as habilidades necessárias ao exercício diário da liderança com a finalidade de obtenção dos melhores resultados.

Porém, em minha opinião, se não estiver claro para cada gestor que prioritariamente ele deve dar importância à evolução de seus colaboradores, JAMAIS conseguirá fazer com que a Organização naturalmente experimente uma transformação positiva. Ele será um chefe buscando até de forma assertiva os resultados esperados, mas nunca será um verdadeiro líder. E, considerando o lado de quem está buscando empreender, essa pessoa, de igual maneira DEVE estar atenta às necessidades de quem a busca, não impondo seu  life style, ela não sabe se os demais o aceitam, mas ouvindo muito e buscando desse ouvir gerar o futuro sustentável de seu projeto e muito mais, assegurar que seu projeto está transformando as pessoas e a vida em seu entorno!!

SEJA LÍDER! SEJA EMPREENDEDOR!!

E aí? Que achou??? Próxima é surpresa!!!!!

MUITO OBRIGADA!!!

Maria da Penha Amador Pereira, Economista formada pela Pontificia Universidade Católica de São Paulo com especialização em Desenvolvimento Econômico.

Atuou em carreira corporativa na antiga Companhia Energética de São Paulo, Banco do Estado de São Paulo e no Citibank, onde desenvolveu carreira por aproximadamente 30 anos em Controladoria, Planejamento Estratégico, Segurança de Informações, Gestão de Crises e Continuidade de Negócios, Qualidade, Projetos de Melhorias de Processos e Produtos Bancários, Controles Internos, Auditoria, Governança Corporativa, Regulamentação Bancária e Compliance.

Atualmente é escritora com obras já publicadas, Master Coach e PNL, Orientadora e Mentora de Carreiras, Palestrante e Educadora Financeira, tendo publicado mais de 55 artigos em Portais de Empreendedorismo, mídias sociais, jornais e revistas regionais e LinkedIn, além de ter participado de vários seminários e fóruns sobre diversos temas ligados à realidade brasileira e Compliance.

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