Forças econômicas e meio ambiente: nesta nova onda da industrialização estão intimamente associados!

Os atuais empreendimentos e seus gestores, os empreendedores, necessariamente tem o dever de construir negócios ecologicamente corretos. Devem pensar maneiras de gerir projetos que não interfiram no equilíbrio dos ecossistemas a serem utilizados para a criação, devem ser agentes da utilização consciente dos recursos disponíveis, devem atuar no sentido de criar nas comunidades em que atuarão boas práticas com relação ao meio ambiente: cuidado com o lixo, se possível realizar a separação para a reciclagem, não permitindo que materiais de várias naturezas sejam dispensados em córregos, rios ou mares.

Temos que aprender a respeitar a Natureza a viver em equilíbrio com ela.

Antes de qualquer coisa, para começar, vamos entender um pouco da tarefa básica da Economia: essencialmente a Ciência Econômica trata da gestão dos recursos disponíveis (trabalho, terra e capital) que não são infinitos, ou seja, a Economia precisa encontrar meios adequados de distribuir recursos escassos de tal forma que possa atender da melhor maneira possível as necessidades humanas. E por que esses recursos são tão procurados pelos agentes econômicos? Simplesmente porque são úteis satisfazendo desta maneira uma necessidade a qual pode ser de natureza material ou imaterial.

Seguindo o raciocínio, a Economia depara-se com alguns problemas a serem solucionados tais como: o que produzir, para quem e como realizar a produção. Para que isso ocorra de forma adequada, foram ao longo dos anos elaborados modelos e teorias os quais tiveram aplicações práticas para serem provados e certificados.

Além de tudo isso e, seguindo a tendência generalizada do que ocorre em todas as situações da vida hoje, a moderna Ciência Econômica deparou-se com mais um desafio aos três já mencionados: como produzir com poucos recursos os quais deverão ser utilizados com a máxima parcimônia, porém de forma abrangente e produtiva, sem causar danos às cadeias alimentares e ao ecossistema que envolve qualquer atividade humana. Bem resumidamente os problemas de distribuição de bens e riquezas precisam ser produzidos, direcionados a todos os agentes econômicos, sem discriminação, de forma produtiva e eficaz  E sem causar danos ao meio ambiente!

Conforme sabemos essa busca pela satisfação das necessidades humanas enfrentou vários estágios de desenvolvimento, os quais iam se sofisticando a cada ciclo vencido, movimento que o cientista social Alvin Toffler denominou de “ondas”.

Alvin Toffler (Nova Iorque, 4 de outubro de 1928 – Los Angeles, 27 de junho de 2016) foi um escritor e futurista norte americano, doutorado em Letras, Leis e Ciência, conhecido pelos seus escritos sobre a revolução digital e a revolução da informação. Em seu livro muito conhecido denominado “A Terceira Onda” falava em 1980 dos diferentes ciclos da atividade econômica, dividindo-os em primeira onda Revolução Agrícola, segunda onda, Revolução Industrial e terceira onda, Revolução da Informação. Atualmente estamos vivendo a era pós-industrial com a informatização, a robotização, redes sociais e a inserção da necessidade de preservação do meio ambiente como uma condição sine qua non para o desenvolvimento e sustentação das Organizações.

Pensando na preservação ambiental como uma questão hoje extremamente relacionada às ações das forças econômicas, dois economistas americanos por caminhos distintos elaboraram teses e modelos que mostram a relação entre a Economia e a Ecologia. Um deles, William Nordhaus da Universidade de Yale, focou seus esforços, inclusive procurando governantes, no tema aquecimento global, sugerindo que os governos dessem incentivos fiscais a quem reduzisse a emissão de gases na atmosfera, que gera o efeito estufa. O outro, Paul Romer, da Universidade de New York, mostrou a maneira pela qual as forças econômicas orientam as empresas no que diz respeito ao investimento e inovação, sendo que suas idéias e teses dão suporte a várias políticas públicas promotoras do desenvolvimento limpo e sustentável. Defende que muito breve não será mais possível uma Organização crescer de forma sustentada se não considerar em seu plano estratégico a preservação do ambiente em que atua. As ações de todas as Instituições já devem levar em conta os impactos de seus processos no meio ambiente e nas comunidades que vivem próximas às suas plantas.

Com essas idéias e teses os dois Economistas foram laureados no ano de 2018 com o prêmio Nobel de Economia.

E como se dá na prática essa relação? A partir da essência da Teoria Econômica, já exposta no início deste artigo: a gestão dos recursos escassos. A Natureza determina as principais restrições ao desenvolvimento econômico e nosso conhecimento busca como lidar com essas restrições. Os modelos desenvolvidos pelos dois Economistas, ampliam a abrangência da análise econômica, a partir da explicação de como a Economia de Mercado deve interagir com a Natureza, de forma a alcançar os melhores resultados sem danificar o ambiente onde nos inserimos.

Imaginemos uma Instituição que planeja construir sua planta industrial para produção de bens de quaisquer natureza, mas principalmente de capital. No passado a empresa pensaria em modelos de plantas que lhes rendesse a melhor relação custo-benefício, tais como boa localização em termos de rodovias, hidrovias ou ferrovias, baixo custo de mão-de-obra, incentivos fiscais, etc, concentrando-se apenas nestas questões, olhando apenas para o próprio umbigo. Hoje, este tipo de visão não é mais aceito, não somente em termos do politicamente correto, mas primordialmente pelos novos ventos de pensamento que os agentes econômicos aos poucos ( e graças a Deus) vem adquirindo e que fazem com que nossa empresa, que tem em sua estratégia instalar uma excelente planta industrial em um novo lugar pensando em sua expansão, redesenhe seus planos de negócios.

Uma empresa com planos ousados de investimento, que realmente deseja retorno consistente sobre o que investiu, necessita ser um agente de preservação do ecossistema que será afetado por suas atividades. Desta forma, seu sucesso efetivo está diretamente relacionado com o respeito à comunidade onde atuará, através de ações concretas de preservação de solos, produção de energia limpa e renovável, nascentes se houverem, rios, ar, evitando emitir gases, reciclagem de resíduos industriais (pode por exemplo convidar pessoas sem qualificação e que vivem à margem da comunidade a trabalharem em reciclagem, promovendo a inclusão dessas pessoas na sociedade, mostrando responsabilidade social além da ambiental), atividades com a comunidade no sentido de promover limpeza urbana (ruas, praças, córregos, postos de recolhimento de objetos descartados, etc), campanhas de promoção da saúde e muitas outras iniciativas, que darão ao empreendimento o aval necessário ao crescimento do negócio, justamente pelo simples fato de que está respeitando a Natureza, o ambiente em que vive e realiza seus empreendimentos. Ecologia não é conversa de ambientalista chato, é elemento indispensável ao desenvolvimento sustentável, tanto do business quanto do que está em seu entorno, gerando ganhos que se multiplicarão como uma onda pela sociedade. È claro e transparente.

Do lado do poder constituído, uma ação firme porém justa deve acompanhar os empreendimentos implementando incentivos fiscais, vigilância e regulamentação claras das atividades industriais, participação efetiva nas iniciativas de proteção, promoção do bem estar e do ambiente dos empreendimentos sob sua jurisdição, enfim, realizando uma parceria pelo bem comum.

Vejam o desastre de Mariana. Quando será possível recuperar o ecossistema afetado? O grau de deterioração do meio ambiente em vários locais foi extremamente atingido! E está aí a prova cabal de que os agentes, as forças econômicas tem uma enorme relação com a Economia, pela destruição de pequenos agro-negócios, que redundaram em queda de vendas em localidades próximas, que por sua vez, obrigaram pessoas a encerrarem sua aitivades e se mudarem, que por sua vez, pela redução de atividades empobreceram os habitantes das comunidades próximas, chegando mesmo a reduzir as atividades pesqueiras em todo o curso do rio Doce, que dava oportunidade de trabalho e sustento a tantas famílias! Qual o grau de responsabilidade da Organização que causou todos esses danos? Essa própria Organização se deteriorou, deixando funcionários sem emprego. Sem emprego não há consumo, sem consumo não se renova a produção, sem produção empresas fecham e demitem mais, e por aí vai.

E o que dizer de Brumadinho? Como poderíamos imaginar que uma Instituição do porte da Vale pudesse negligenciar tanto a questão de segurança, Compliance ou Conformidade? Como estão as pessoas atingidas, a economia da região, a confiança do mercado em uma empresa tão gigantesca quanto tão pequena no sentido de deixar passar algo tão crucial, começando até mesmo com a localização física das áreas administrativas e recreativas, bem junto aos paredões de rejeitos de minério? E o que dizer dos rios atingidos? As populações que dependem de seus peixes e água?

Então a conclusão óbvia é que Meio Ambiente é fator primordial de planejamento estratégico que seja de fato eficiente! Quem promove algum tipo de dano ambiental precisa ter a humildade de reconhecer que o fez e imediatamente tomar providências para corrigir antes que desastres como Mariana e Brumadinho aconteçam.

O mais sensato e correto é realizar atividades de prevenção e evitar ao máximo simplesmente corrigir, pois a correção pode não recuperar a forma original.

Responsabilidade, comprometimento com o meio ambiente e as comunidades em que um empreendimento se instala: são os nomes do jogo.

Seja um empreendedor COMPROMETIDO com o equilíbrio ambiental, ensine quem estiver com você a viver em harmonia com a Natureza, pois desta forma seu projeto será sustentável!!

Até a próxima!!

Maria da Penha Amador Pereira, Economista formada pela Pontificia Universidade Católica de São Paulo com especialização em Desenvolvimento Econômico.

Atuou em carreira corporativa na antiga Companhia Energética de São Paulo, Banco do Estado de São Paulo e no Citibank, onde desenvolveu carreira por aproximadamente 30 anos em Controladoria, Planejamento Estratégico, Segurança de Informações, Gestão de Crises e Continuidade de Negócios, Qualidade, Projetos de Melhorias de Processos e Produtos Bancários, Controles Internos, Auditoria, Governança Corporativa, Regulamentação Bancária e Compliance.

Atualmente é escritora com obras já publicadas, Master Coach e PNL, Orientadora e Mentora de Carreiras, Palestrante e Educadora Financeira, tendo publicado mais de 55 artigos em Portais de Empreendedorismo, mídias sociais, jornais e revistas regionais e LinkedIn, além de ter participado de vários seminários e fóruns sobre diversos temas ligados à realidade brasileira e Compliance.

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