UM CONTO DE FADAS CHAMADO OLIMPÍADA
Este final de semana chegou ao fim a Olimpíada de Tokyo 2020 e o Brasil se despede melhorando o resultado de 2016, mas com gostinho de quero mais. Deixamos de ganhar algumas medalhas “tradicionais” do esporte brasileiro como foi o caso do vôlei de praia, vôlei indoor masculino e canoagem em dupla por exemplo.
Os jogos de Tokyo trouxeram 5 novas modalidades esportivas, onde nos saímos muito bem por sinal, mas ainda podíamos ter mais medalhas no surfe com nosso supercampeão Gabriel Medina, e tivemos chances reais de ter mais medalhas no skate, mas não dá para ganhar todas. Coisas do esporte…
O que importa é que superamos o resultado da última edição dos jogos. As medalhas conquistadas pelos nossos atletas têm muito valor e devemos sim celebrar cada uma delas. Ser atleta no Brasil não é nada fácil e todos sabemos disso. Por trás das conquistas de muitas das nossas medalhas, além de muito esforço encontramos histórias de superação, sacrifícios e poucas oportunidades.
Concordo com Ary Rocco, Professor e Pesquisador da Escola de Educação Física da USP, quando ele explica que no Brasil, o esporte ainda é muito mais visto como uma atividade de diversão, entretenimento e lazer, do que uma ferramenta de inclusão social que por sua vez, poderia trazer imensos benefícios aos menos favorecidos.
Segundo o professor, “se a gente tivesse programas esportivos extremamente interessantes, que trabalhassem com crianças em situação de risco, que ajudasse essas crianças a se socializar, aprendendo a perder e a ganhar, a jogar em equipe, com certeza a gente teria cidadãos melhores”. Sem dúvida alguma esporte é saúde, é escola de vida e mais do que tudo, uma importante ferramenta de inclusão social capaz de amenizar e muito a desigualdade e os problemas de famílias de crianças e jovens carentes do nosso país.
Em 13 de setembro de 2012, o Governo Federal lançou o “Plano Brasil Medalha” que tinha como objetivo preparar atletas olímpicos e paraolímpicos para os jogos do Rio 2016. A meta do plano era ambiciosa e determinava que ao fim daqueles jogos o Brasil atingisse o resultado inédito de figurar entre os 10 melhores da competição e entre os 5 primeiros nos jogos paraolímpicos.
O investimento aconteceu, mas o resultado foi diferente do que foi planejado. Nos jogos de Londres em 2012, o Brasil ficou em 12º lugar no ranking geral com 21 medalhas. Na edição do Rio em 2016, depois do Plano Brasil Medalha, ficamos em 13º lugar no ranking e conquistamos 19 medalhas, sendo 7 de ouro, 6 de prata e 6 de bronze. Em 2020 obtivemos 21 medalhas, sendo 7 de ouro, 6 de prata e 8 de bronze.
Hoje, o desenvolvimento dos nossos atletas tem o Governo Federal como seu principal patrocinador, mas ainda assim precisamos de muito mais. O investimento inicial no Plano Brasil Medalha foi de 3,2bilhões de reais, mas para os jogos de Tokyo o investimento na formação e treinamento de atletas caiu para 2bilhões. Ainda assim, esta foi a nossa melhor campanha em jogos olímpicos, mas ainda estamos no 13º lugar no ranking de medalhas.
Com os jogos de Tokyo os brasileiros viram nascer novos heróis e tiveram a oportunidade de aplaudir conquistas de antigos conhecidos, sempre com o mesmo entusiasmo e orgulho. No surfe muitos acompanharam pela primeira vez as manobras de Ítalo Ferreira o medalhista de ouro neste novo esporte olímpico, Rayssa Leal além da medalha de prata no skate na modalidade street, conquistou o Brasil e o mundo com seu charme e graça no auge dos seus 13 anos.
A também jovem e graciosa Rebeca Andrade arrancou lágrimas dos brasileiros com as suas medalhas de ouro e prata na ginástica olímpica e o quarto lugar de Darlan Romani e sua história de superação foi uma conquista valiosa para todo o país. Antigos conhecidos também fizeram nossos corações baterem mais rápido, como Isaquias Queirós, nossos meninos do futebol, as meninas da vela Martine Grael e Kahena Kunze. Estes são apenas alguns dos muitos heróis do esporte brasileiro, que entraram nas nossas casas e nas nossas vidas nestas últimas semanas.
Os jogos olímpicos enchem nossos corações de emoção e também recheiam a cabeça de muitas crianças e jovens de sonhos e esperança. Aqui nasce o futuro do esporte brasileiro e de toda uma nova geração de brasileiros, que aprendem que é possível sonhar. O sonho? Que um dia sejam os heróis e estejam do outro lado da tela, sendo assistidos e aplaudidos por milhões de brasileiro e de fãs em todo o mundo.
São duas semanas de batalhas, glorias, derrotas, lágrimas, superação, emoção e magia e com o encerramento deste quase conto de fadas, o mundo inteiro sente um vazio imenso. A nos brasileiros, nos cabe aplaudir nossos heróis e heroínas e fazer o melhor que pudermos para mudar a dura realidade dos nossos atletas. Fomentar o esporte e incentivar o desenvolvimento de novos atletas é missão de todos os brasileiros. Se nos tivermos sucesso nesse objetivo, com certeza vamos melhorar as vidas de muitos jovens e crianças e descobrir novos heróis e heroínas para nos encantar e emocionar nos próximos jogos.
Que venha Paris 2024!!!
ANDREA CARVALHO é advogada com Pós Graduação em Direito Empresarial e mestrado internacional em Entertainment Business concluído na Full Sail University na Florida. Com mais de 20 anos atuando na indústria de entretenimento Andrea tem perfil multidisciplinar tendo experiência diferenciada nas áreas negócios, planejamento estratégico, patrocínio, marketing e relacionamento com clientes.