Unicórnios existem e são cada vez mais comuns em terras brasileiras.
A investidora Aileen Lee cunhou o termo unicórnio, em 2013, para definir startups com valor de mercado de pelo menos 1 bilhão de dólares. Como se sabe, startups são empresas que unem tecnologia, escalabilidade e crescimento exponencial.
O amadurecimento do mercado, leis específicas e a atratividade de opções de investimento, fez com que o termo unicórnio venha ganhando continuamente força e popularidade e o Brasil entra nessa seleta lista, ganhando em 2018 o primeiro exemplar desse mítico animal. Atualmente, o Brasil está entre os top 10 países com o maior número de startups unicórnios.
Resultado de muita criatividade, pesquisa, dedicação dos empreendedores, o chamado “jeitinho brasileiro” parece que está favorecendo o ecossistema e atraindo cada vez mais investidores.
Quando me refiro ao jeitinho, não falo de forma jocosa, muito menos de malandragem, mas de um olhar crítico, da vontade de fazer a diferença, de fazer diferente, de vencer as adversidades em um país socialmente desigual, cujos governantes, via-de-regra, têm foco em si, no poder, nos partidos políticos e na reeleição.
Infelizmente, com raras exceções, não há um Estado para cuidar do bem-estar da população, mas isso provoca a motivação para a mudança e dessa motivação surgem ideias, as quais são lapidadas por meio de pesquisa e desenvolvimento e, finalmente se tornam negócios e empresas. Daqueles que a gente olha e pensa: como ninguém pensou nisso antes. E são essas ideias que revolucionam o mundo e a forma de fazer as coisas.
Se o Brasil demorou alguns anos até ter sua startup unicórnio – a empresa de tecnologia em transportes 99 – de lá pra cá a estrada parece estar cada vez mais larga e favorável. O Brasil registrou um volume recorde de investimentos em startups em 2021: até novembro foram quase US$ 10 bilhões. Fechamos o ano de 2021 com 27 unicórnios brasileiros: 99, ifood, C6 Bank, EBANX, Gympass, Quinto Andar, Hotmart, Nuvemshop, Loft, Daki, Único, Olist, Wildlife, Cloudwalk, Mercado Bitcoin, Merama, Creditas, Frete.com, Madeira Madeira, Movile e Loggi. No finalzinho do ano, a Facily recebeu um aporte e entrou para a lista. Além dessas empresas, temos algumas que já voam mais alto e já fizeram IPOs (lançamento de ações em bolsas de valores), como PagSeguro, Nubank, Arco Educação, Stone e VTEX.
Algumas empresas seguem outros caminhos, ao serem compradas e incorporadas a outras empresas. A Magazine Luiza vêm se destacando nas ações de trazer empresas para dentro do seu conglomerado, sendo a maior compradora de startups da américa Latina em 2021, mas não é a única, pois a B2W, a Locaweb, Hotmart e Méliuz têm feito diversas aquisições.
E 2022 promete seguir a mesma tendência. No final de janeiro, a Gupy, startup da área de RH, recebeu um aporte de R$ 500 milhões dos investidores SoftBank, Riverwood, Endeavor Catalyst, Oria e Maya e abriu a lista de novos unicórnios do ano. Esse investimento foi o maior já recebido por uma startup de RH na América Latina.
Há várias startups que o mercado considera aptas a receberem grandes aportes e assim entrarem para o clube. A maioria dessas empresas são fintechs, healthtechs e edtechs, setores bastante aquecidos desde o início da pandemia. São empresas como Alice, Beep, Cora, Descomplica, Kovi, Neon e Trybe.
Esse fenômeno não é brasileiro. Foram registrados mais de 300 novos unicórnios no mundo em 2021. Para efeitos de comparação, em 2020 foram 100 e em 2016, apenas 21.
Analistas apontam para a continuidade desse cenário, em função dos custos de oportunidades para os investidores e à medida que o mercado entende melhor os modelos de negócio disruptivos e as altas taxas de retorno potenciais.
Com graduação em Engenharia, pós-graduações em Marketing e Computação Aplicada à Educação, Mestrado em Educação Matemática e Doutorado em andamento na mesma área, Luis Pacheco tem experiência no mercado financeiro e em empresas digitais, atua como professor no ensino superior, como mentor de startups, como pesquisador e é autor de conteúdo especializado.