CONVERSAS PODEROSAS
“Uma pessoa corajosa entra em contato com o desconhecido e apesar de todos os seus medos, mesmo os mais terríveis, avança ultrapassando os limites da segurança. Assim, cada obstáculo pode ser enfrentado e ela pode se sentir plenamente viva.”
O exercício da coragem começa sobretudo com a nossa capacidade de ter conversas poderosas. Aquelas onde podemos nos expressar verdadeiramente, onde podemos dizer o que sentimos e pensamos, onde também ouvimos verdadeiramente o que o outro pensa e sente.
É engraçado falar que precisamos exercitar “conversas poderosas” porque conversar é algo que fazemos diariamente e é a forma de nos relacionarmos com outras pessoas, mais ainda, é a forma de nos tornarmos pessoas. Fundamental na relação e na transmissão de aprendizados, as conversas deveriam ser algo em que somos realmente bons, já que a praticamos diária e constantemente.
Por outro lado, a maioria dos conflitos surgem da nossa inabilidade em nos comunicarmos, de sabermos conversar com os outros para produzir juntos algo de bom para a relação e para o “Nós”.
Nós falamos o que pensamos mais do que o que sentimos. Falamos mais do que ouvimos, estabelecendo verdadeiros monólogos e não nos interessamos em ouvir verdadeiramente o que o outro tem a dizer. Deste modo acabamos por conversar constantemente, mas sem nos transformarmos em pessoas melhores ou em transformar o ambiente em algo melhor para “nós”.
O fluir das ideias, que como uma dança nos levaria a um entendimento mais profundo das questões (nossas e do mundo), deu lugar a ideia pragmática do “eu falo e você que me entenda”. Isso gera um ciclo vicioso, pois se você não entender, terá medo de me contestar porque eu não quero te ouvir, ou mesmo que me conteste com outra ideia, eu (por medo?) me defenderei dizendo que foi você que não entendeu e acabarei por repetir as mesmas coisas… E assim, a gente se cala e segue.
Do que será que temos medo ao falar e ouvir?
Presos nesse ciclo, o outro se tornou um desconhecido, um estranho, estrangeiro aos meus olhos e deste modo não tendo nenhum interesse em ter uma relação mais profunda e de longo prazo. Assim, levamos as conversas, e as nossas relações, à uma superficialidade que não nos serve de nada para o enfrentamento tanto da vida quanto do futuro.
A prática de conversas poderosas eleva a capacidade de aprendermos uns com os outros, nos leva a melhores soluções para os problemas desafiadores do cotidiano e outros que ainda estejam por vir.
É preciso que eu exercite a minha coragem para te ouvir sem medo, para falar o que sinto sem medo, e saber que o fluir de nossas alegrias ou descontentamentos, de nossas concordâncias ou discrepâncias, pode ser transformador. Ainda é surpreendente encontrar pessoas que sabem conversar em profundidade, que sabem contemplar o que falamos absorvendo sem pré-julgamentos.
O processo de reflexão, meditação ou terapêutico, são possíveis formas de encontrarmos nossa capacidade de conversar mais poderosamente. Esta habilidade é fundamental às pessoas que querem viver uma vida mais plena e integrada com os outros, enfrentando os próprios medos e construindo futuros a partir de cenários mais incertos.
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Sócio-diretor do Grupo Bridge, Psicólogo e Mestre em Educação, pós-graduado em Psicodrama Sócio Educacional pela ABPS, Professor supervisor pela FEBRAP. Acumula experiência de mais de 30 anos em desenvolvimento humano e projetos de conexões educacionais corporativas e inovação.
É autor dos livros ‘A Jornada Ôntica’ (2013), ‘O Hólon da Liderança’ (2015), ‘Inovação: diálogos sobre a prática’ (2016), ‘Inovação: diálogos sobre colaboração produtiva’ (2017), A Magia dos Sentimentos: 27 emoções para transformar sua vida e em 2019 lançou os livros em versão digital; Lifelong Learning – Aprender para a Vida e Empowerment, uma liderança que inspira. Celso Braga é coautor do livro ‘Educação para Excelência’ (2010).